ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 26.04.1989.

 


Aos vinte e seis dias do mês de abril do ano mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessão do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Oitava Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Leão de Medeiros, Mano José, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Luiz Braz que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Vigésima Sessão Ordinária e da Sétima Sessão Solene que, juntamente com a Ata da Vigésima Sexta Sessão Ordinária, foram aprovadas. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Pedido de Providência; pelo Ver. Cyro Martini, 04 Pedidos de Providências; pelo Ver. Dilamar Machado, 01 Indicação; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 12 Pedidos de Providências; pelo Ver. Leão de Medeiros, 02 Pedidos de Providências; 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Luiz Machado, 01 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Valdir Fraga, 01 Pedido de Providências; 02 Projetos de Lei do Legislativo nºs 27/89 (proc. nº 973/89); 29/89 (proc. nº 1056/89); pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Pedido de Informações. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/89 da Comissão Especial constituída para examinar o Requerimento nº 07/89; 300; 301/89, do Sr. Prefeito Municipal; 25/89, do Comandante da Brigada Militar; 410/89, da Câmara Municipal da Estância Balneária Praia Grande, SP; 671/89, da Câmara Municipal de Santa Maria, RS. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Leão de Medeiros, retomou a análise da segurança pública no Estado, afirmando que o índice de violência e criminalidade nas Cidades e na Capital do Rio Grande do Sul vem crescendo assustadoramente. Criticou a atuação do Governo do Sr. Pedro Simon nessa área, asseverando que a Polícia Civil não está aparelhada satisfatoriamente e que a população gaúcha vive em um constante clima de insegurança. Destacou, ainda, que a Polícia Civil não vem recrutando funcionários e que a Escola de Polícia está fechada há dois anos. O Ver. Luiz Braz examinou a situação atual das escolas estaduais do ponto de vista da carência de professores, funcionários, merenda escolar e das condições dos prédios desses escolas. Analisou o desempenho do Jornalista Ruy Carlos Ostermann à frente da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, afirmando que, apesar da sua reconhecida competência, sua atuação nessa pasta tem-se caracterizado pela “inércia”. Instou, ainda, que esta Casa, através da Comissão de Educação e Cultura, deve abrir espaço a essa discussão, especialmente no tangente à questão da merenda escolar. O Ver. Elói Guimarães analisou pesquisa publicada na Imprensa nacional e deste Estado, pelo diário Correio do Povo, relativa aos candidatos à Presidência do País. Intitulou a referida pesquisa de “manipuladora”, tendo em vista que dá preferência ao Gov. Orestes Quércia, do PMDB, que não é candidato. Salientou que as pesquisas são incentivadoras de candidatos e, também, a maior arma de propaganda, motivo pelo qual devem ser pautadas pela absoluta isenção. Argumentou, ainda, que esta Casa Legislativa deve meditar acerca dessa questão, pela relevância e ressonância que o assunto encerra diante do quadro político nacional. O Ver. Luiz Machado anunciou a inauguração, a ocorrer amanhã, do 4º Quartel da Brigada Militar, na Restinga, convidando os Senhores Vereadores e participarem desse ato. Registrou e historiou as lutas daquelas comunidade e lideranças na obtenção desse quartel. Reportou-se ao pronuncimento, de hoje, do Ver. Elói Guimarães, no tocante a sua análise de pesquisa referente aos candidatos à Presidência da República; afirmou que não concorda integralmente com essa pesquisa, apesar de apoiar a candidatura do Gov. Orestes Quércia à Presidência do País. Repeliu críticas ao Jornal Correio do Povo, destacando que não se deve atacar o diário, tendo em vista que tal pesquisa foi veiculada e não realizada pelo jornal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz analisou a questão das pesquisas pré-eleitorais, salientando o acerto do Congresso nacional ao disciplinar e aprazar a publicação dessas pesquisas através da Legislação Eleitoral. Criticou a atuação do Gov. Fernando Color de Mello e sua candidatura à Presidência do País, argumentando que a popularidade de seus atos administrativos e políticos é vinculada ao apoio que recebe da Rede Globo. O Ver. Isaac Ainhorn analisou o desempenho da Administração Popular frente à Prefeitura de Porto Alegre. Denunciou o endividamento do Município e o decorrente comprometimento da receita do ICM junto aos Bancos. Declarou estar constatado o caos administrativo nesse governo, dada a intervenção nos transportes coletivos e o grande número de ações judiciais, destacando o não envio de projetos de lei, a este Legislativo, encaminhando a abertura de crédito extraordinário, de cento e cinqüenta milhões de cruzados novos, a fim de fazer frente à intervenção nas empresas de ônibus, e o não encaminhamento da Lei do ITBI, o que faz com que os cofres da Prefeitura deixem de arrecadar o imposto inter-vivos. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada, a ORDEM DO DIA. Em discussão Geral e Votação, Urgência, foi aprovado o projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/89, por vinte e seis votos SIM, contra um voto NÃO, após ter sido discutido pelos Vereadores Vieira da Cunha, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib, Artur Zanella, Adroaldo Correa e Airto Ferronato. Em continuidade, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, Votos de Congratulações com Silvio Lunardi, pelo título conferido como “Carnavalesco da Cidade”; com várias personalidades, conforme relação anexa, pelos “Destaques do Carnaval de 1989”; com Assis Hoffmann, pela exposição de fotografias no Museus do Trabalho; com o Jorn. José Bacchieri Duarte, pela posse no cargo de Ouvidor Geral do Estado; Votos de Pesar pelo falecimento de Maria do Horto Moretti Sayago; de Roberto Pinto Ribeiro; do Ver. Jaques Machado, Voto de Congratulações com o Jornal do Comércio, pela reportagem “Crise dos Hospitais”; do Ver. Leão de Medeiros, Voto de Congratulações com João Pedro Escosteguy, por sua eleição para Presidente do Clube dos Diretores Logistas do Estado; Voto de Pesar, pelo falecimento de Aleomar Luiz Souto Pinheiro; do Ver. Valdir Fraga, Votos de Congratulações com os Clubes de Mães Nossa Senhoras das Graças e São Francisco de Assis, pela passagem dos respectivos aniversários de fundação; do Ver. Wilton Araújo, Votos de Congratulações com Danilo Ucha, pelo lançamento do livro sobre Jessé Silva; com Nilo Alberto Feijó e demais membros da Diretoria da Associação Satélite Prontidão, pela posse dos membros; do Ver. João Motta, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/89 seja dispensado de distribuição em avulso e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em apreciação, estiveram Votos de Congratulações com Flávio Alcaraz Gomes, Alceu de Deus Collares, Ione Pacheco Sirotsky e Carlos Santos, que, após terem sido encaminhados à votação pelos Vereadores Adroaldo Correa e João Dib, tiveram sobrestada a deliberação, face à Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Omar Ferri comentou crônica, publicada no Jornal Zero Hora, de hoje, de autoria do jornalista Sérgio da Costa Franco; leu parágrafo 2º do artigo 408 do Código de Processo Penal, cotejando com a crônica mencionada. Analisou a questão da insegurança pública em que vive o país, definindo-a como fruto do período da ditadura militar. Criticou as condições e os objetivos da Lei Fleury; definiu “flagrante” do ponto de vista jurídico; questionou o relaxamento de prisão, enfatizando a “impunidade do crime de colarinho branco”, indagando da vinculação dos respectivos dispositivos legais com crime recentemente ocorrido na cidade. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Vieira da Cunha relacionou declarações do Líder do PDT, Sr. Leonel Brizolla, e do Líder do PT, Deputado Luiz Inácio da Silva, feitas através de rede nacional pela televisão e em entrevista concedida à TV Guaíba, respectivamente, a respeito da educação. Denunciou que a Administração do PT na Prefeitura de Porto Alegre vem penalizando os professores contratados com salários mais baixos que os percebidos pelos professores do quadro de carreira. Esclareceu que aqueles professores foram aprovados em concurso público, realizado no último ano, mas ainda não foram empossados decido a irregularidades constatadas na avaliação da prova de títulos. Registrou o protesto de sua Bancada e a exigência de que a administração do PT respeite a bandeira dos trabalhadores: “salário igual para trabalho igual”. E o Ver. João Dib registrou recebimento de ofício da Associação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul, comunicando as dificuldades enfrentadas pelos Hospitais em razão das baixas diárias pagas e demora no ressarcimento pelo INAMPS. Anunciou que essa Associação está ajuizando ação, a fim de que os valores dessas diárias sejam revisados, e solicita o apoio deste Legislativo Municipal. Comentando “Lei do Silêncio”, de sua autoria, anunciou campanha a ser deflagrada, com apoio de órgãos e entidades a definir, a fim de que a população porto-alegrense seja sensibilizada e o excesso de ruído na cidade seja diminuído. Examinou, ainda, projeto de lei de autoria de S. Exª, que trata da regulamentação da Contribuição de Melhoria, a qual deve suprir problemas de pavimentação das ruas da cidade, anunciando a reapresentação desse projeto a esta Câmara. Durante os trabalhos, o Senhor Presidente respondeu, também, Questões de Ordem do Ver. Gert Schinke, acerca do pronunciamento do Ver Isaac Ainhorn, no período de Discussão da Ordem do Dia, relativamente ao Partido de S. Exª, do PT e não do Partido Verde. Ainda esteve presente à Sessão a Verª Letícia Arruda. Face ao término do tempo regimental de duração da presente Sessão, às dezoito horas e treze minutos, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos, assegurando o tempo em Comunicações aos Oradores inscritos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, Clóvis Brum, Lauro Hagemann e Adroaldo Correa, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ara que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim

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O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Passaremos para o período de

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Leão de Medeiros está com a palavra.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, retomo o assunto na qualidade de Vereador e, especialmente, de Delegado de Polícia para tratar assuntos, em continuidade, da segurança pública da nossa gente.

Pensava eu que em 15 de março não haveria na Administração Pedro Simon comemorações ou anúncios de realizações porque, efetivamente, não havia muito o que festejar, nem realizações a anunciar. Todavia, me surpreendo porque tiveram a coragem delirante de com pompa e publicidade alardear conquistas duvidosas. Entre elas tomaram destaque os feitos relativos à Segurança Pública. Logo nessa área, Srs. Vereadores! O jornal informativo do Piratini nas comemorações do segundo ano da Administração Pedro Simon estampa com destaque, referente à Segurança Pública, que a Polícia ganhou eficiência.

Será que desconhecem que a violência e a criminalidade estão atingindo índices alarmantes e criando pânico na comunidade rio-grandense? Ignoram que as populações da Capital e das grandes cidades do interior do Rio Grande do Sul estão atemorizadas como o crime de seqüestro, que era uma novidade, indo também para o interior do Estado, como Santa Rosa, Santa Maria, e para o qual a polícia não está aparelhada para combater.

As pessoas de bem estão presas, reclusas, em cativeiro em suas próprias residências, cercadas por grades e cães ferozes. Que tanto o policiamento preventivo e repressivo existente são insuficientes para os reclamos da sociedade? E os assaltos? Estão em todo o lugar, não mais respeitando nem velhos, mulheres, crianças, autoridades, agentes de autoridade, policiais.

Será que desconhecem que o número de roubo de veículos disparou, e o índice de recuperação permanece estacionário? Onde estão os seis veículos por dia que não mais aparecem? Que Porto Alegre detém um índice de causar inveja no que se refere a homicídios? As maiores cidades do mundo, já referi isso desta tribuna, foi um pânico nos Estados Unidos quando a Capital, Washington, se transformou na Cidade mais violenta, em mortes violentas no ano de 1988 com 380 mortes superando cidades como Chicago e Detroit. E para surpresa minha o relatório da área metropolitana de Porto Alegre revela que as mortes violentas, excetuadas as mortes de trânsito, no ano anterior Porto Alegre teve o mesmo número. Isso é grave, Senhores.

Consta que fizeram um levantamento em conseqüência da morte dessa professora, a respeito da pena de morte, que novamente vem ao noticiário. E pasmem: a vantagem foi favorável à pena de morte, que não defendo, mas mostra o clima de insegurança que estamos vivendo. E há quem propugne, Ver. João Dib, pela justiça pelas próprias mãos. Há gente que defende o linchamento.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, ocasionalmente assisti a esse programa do Jornalista Jaime Copstein. E pelas manifestações dos populares que telefonavam do interior do Estado, fora do Estado e de Porto Alegre, fiquei atento até o final do programa, e 87,5% manifestaram-se pela pena de morte e alguns pela execução sumária. E o Jornalista Jaime Copstein mostrava, ao final do programa, que há dois anos atrás as manifestações pela pena de morte não chegavam a 20%, e agora dado o pânico, o terror a que está submetida a população chegava a 87,5%.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Agradeço, Ver. João Dib, a sua contribuição. Revela o estado de terror e pânico em que está a nossa comunidade. Mas, isso insensibiliza o Governo do Estado. Divulgam à opinião pública dados manipulados que pretendem mostrar que a criminalidade está contida, que os meios colocados à disposição da Polícia Civil e da Brigada Militar são suficientes, e que tudo nessa área é um mar cor-de-rosa. Consideram até que a segurança pública é e será assunto prioritário do Governo Simon.

Convenhamos, senhores, isso é uma ironia que não podemos permitir. Se é assunto prioritário, imaginem se não fosse.

Ignoram até a vergonha para uma instituição policial, a manchete de Zero Hora de domingo na primeira página da edição dominical, dizendo do aumento da violência nas grandes cidades do nosso Estado. Mas nesse retrospecto das realizações Simon, permitam-me fazer algumas considerações adiantando-me num trabalho mais completo a respeito da segurança pública, que estou efetuando.

O Senhor Governador, elencando suas realizações em entrevista para a RBS, no programa do Lasier Martins e repetido na Zero Hora dominical há um mês atrás, anuncia com incontido entusiasmo que concluiu nove prédios para Delegacias de Polícia no interior do Estado, durante seus dois anos de Governo. Nove! Esquece, todavia, de dizer S. Exª, que dos nove seis foram iniciados na gestão anterior, ou seja, as dos Municípios de Victor Graef, Cruz Alta, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Caibaté e outras mais. E que apenas as Delegacias de Polícia de Restinga Seca, Nova Bassano e Santo Augusto foram iniciadas e concluídas em sua gestão.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª traz a esta tribuna a sua preocupação, que também é nossa, a respeito da violência do dia-a-dia da nossa Cidade. No final do ano passado houve aquele bárbaro crime em Dois Irmãos, quando da morte da menina Arlete de 11 anos, que foi atacada quando ia para a escola por aquele bandido horrível, Lourival Fraga. E esse elemento estava preso – no meu entender deveria ter sido degolado pelo bárbaro crime que cometeu com uma menina indefesa – mas, para surpresa nossa, esse elemento está solto nas ruas de Dois Irmãos. Pergunto: Cadê a nossa justiça?

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: V. Exª me honra muito com o seu aparte. Realmente a legislação processual penal também é um ingrediente importante dessa criminalidade. Mas as autoridades penitenciárias e policiais devem ser vinculadas com essa área. E o que estamos vendo no Governo Simon é que ela está sendo conduzida por amadores no assunto de segurança pública. Agradeço o aparte e continuo referindo as realizações Simon nesses dois anos de sua gestão. Então, das 42 obras que estão em andamento, treze são ainda produto do Governo anterior. E é bem oportuno que se diga que a construção dessas Delegacias de Polícia não é com recurso exclusivo do Estado, pois contribuem o Município, comunidade e o Governo da União. São realizações realmente para serem elencadas, em primeiro lugar muito simplórias para um Governo que se pretende grande na área de segurança pública. Mas acelero, Sr. Presidente, fizeram também referência a que os assaltos a bancos foram contidos em Porto Alegre. Graças a Deus isso é verdade, mas é verdade em relação ao ano de 1987, o primeiro ano da gestão Simon, em que o índice de assaltos a banco foi extremamente elevado em comparação com os anos anteriores. Então, diminui em relação a si mesmo: 1988 em relação a 1987, mas graças à atuação de um órgão chamado GOE, Grupo de Operações Especiais que foi indicado para dar proteção às agências bancárias; e o pessoal desse GOE foi retirado de um órgão que se chamava Serviço de Ronda e Vigilância, com mais de 200 homens, extinto na atual administração policial, mas que dava especificamente policiamento diretamente à população, junto aos grandes aglomerados humanos. Observem, hoje, ao contrário do que tinha há dois anos atrás, esse órgão, chamado SRV está sumido na Cidade. Daí, apesar do esforço do policiamento fardado, que por ser fardado não consegue combater os pivetes que estão no Centro da Cidade. O policiamento sumiu da Praça XV, da Rua da Praia, do Parcão. Hoje está entregue à Brigada Militar, que, por ser fardada, é claro que afasta o pequeno delinqüente. Então, a custa de um arrefecimento do assalto à banco, protegendo as agências bancárias, diminuíram a proteção da população comum. Isso precisa ser dito também. Esse órgão foi extinto, chamava-se SRV, com mais de 200 homens, porque novos homens não vieram para a Polícia. E também foi contida, a bem da verdade deve ser dito, em razão da dedicação que os funcionários da Divisão de Investigação tiveram no transcorrer de 1987 e 1988, no primeiro período comandados pelo Delegado Wilson Müller e, agora, pelo Delegado Almeida. Numa dedicação e num esforço acima das suas obrigações funcionais, conseguiram colocar um pouco de paz no assalto a bancos, no combate a essa criminalidade violenta. Mas os recursos continuam carentes. Disseram também, e foi S. Exª que o disse, que a atual gestão criou o setor feminino da Polícia Civil. Está nos jornais da época. Também há exagero no que foi afirmado por S. Exª e é injusta essa afirmativa, pois que a presença da mulher na Polícia Civil data da época anterior e, hoje, o número de mulheres na Polícia Civil já é de 10% do seu próprio efetivo. Certamente queria se referir às Delegacias de Polícia Para Mulher, que foram criadas na sua gestão. Mas se esquece de dizer S. Exª que, se temos mulheres delegadas, é graças à gestão anterior, que quebrou uma barreira histórica na Polícia que, através de concurso público, aceitou com bom grado e admitiu, amparada na lei, as três primeiras Delegadas de Polícia. E não fez mais do que sua obrigação a atual administração de criar as três delegacias existentes para combater o crime do qual a mulher seja vítima: Canoas, Porto Alegre e Caxias. Então, não foi na gestão Simon que as mulheres entraram no cargo de Delegado de Polícia. Essa injustiça deve ser reparada. E mais, no elenco de realizações, dizem que aumentou o contingente da Polícia Civil em 600 homens. Não é verdade. Na atual gestão, não foi admitido nenhum policial por recrutamento do Governo Simon. A Escola de Polícia está absolutamente fechada, há dois anos, para recrutamento externo. Pelo contrário, diminuiu evidentemente o efetivo da Polícia, nestes dois anos, por óbitos, aposentadorias e demissões. Ninguém entrou na Polícia em concurso público pelo Governo que aí está instalado. Diminuiu o número de viaturas, e encerro dizendo que o Governo alega que vieram 248 novas viaturas para a Polícia Civil, e realmente vieram, mas apenas 70 do Orçamento do Estado, 70 em dois anos, 240 foram do Ministro Brossard, esse mesmo Governo Sarney que o Governador Pedro Simon acolhe como pessoa não grata ao Estado, mas que o salvou dando 200 viaturas, e ainda continua dando.

Encerro para dizer que pelo menos a minha voz começou a ser ouvida, e ontem denunciava que havia 20 viaturas na garagem do Palácio da Polícia, e faço uma homenagem ao Ver. Cyro Martini que também denunciou, e fui informado de que essas viaturas não são em número de 20, mas de 35, visto hoje, pela manhã, pelo Ouvidor-Geral do Governador, lá no Palácio de Polícia, serão entregues a toque de caixa, amanhã, às 11h da manhã. Continuarei com este tema, porque ele me cativa, e a população tem obrigação de saber a realidade da Polícia Civil, que eles não sabem, porque o policial não pode falar, sob pena de ser sancionado por uma lei imposta por um Chefe de Polícia que não comanda e que é incompetente. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador Luiz Braz, por transposição de tempo com a Verª Letícia Arruda, que teria cedido seu tempo ao Ver. Elói Guimarães, V. Exª tem 15 minutos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não posso chamar o Secretário Estadual da Educação de incompetente, mesmo porque no novo Dicionário Liberal, incompetente é aquele que não compete, e não podemos acusar o Jornalista Rui Carlos Ostermann de ser um homem que fuja das competições. Ele já competiu, em diversas ocasiões, e, pelo que sabemos, foi vitorioso. Então, não vou chamá-lo de incompetente, mas não sei. Ver. Airto Ferronato, Ver. Luiz Machado, Vereadores do PMDB, a quem atribuir a culpa de até o presente instante não termos solucionado, nas escolas estaduais, o problema da merenda, porque sabe-se muito bem que no final do ano passado foi feito um concurso para se suprir exatamente essa lacuna que existia na rede pública estadual. Várias professoras reclamavam, várias mães de alunos reclamavam que muito embora existisse a merenda escolar pronta para ser entregue, pronta para ser preparada nos estabelecimentos de ensino, essa merenda escolar não era preparada, porque não tinha quem a preparasse, e não era entregue também para os alunos, porque não tinha quem a entregasse.

Então, no fim do ano passado, foi feito um concurso público exatamente para suprir essa falha. Por incrível que pareça, as merendeiras já foram nomeadas para as escolas públicas e lá estão as merendeiras nas escolas públicas, mas, por paradoxal que possa parecer, hoje em dia, o que não tem é a merenda. Então, as merendeiras estão nas escolas públicas, estão varrendo pátios, lavando banheiros, mas não tem merenda para entregar para as escolas.

Eu estou fazendo aqui uma denúncia que me é entregue por várias diretoras de estabelecimentos estaduais, um deles, inclusive, é a Escola Emílio Campbell, no Partenon, que está lá sem merenda, muito embora tenha uma merendeira para preparar e entregar esta merenda para os alunos.

Então, realmente, eu não vou chamar aqui o Secretário de incompetente. Eu acho que este não é um termo adequado, porque a gente conhece o trabalho, a competência do Jornalista Rui Carlos Ostermann, mas eu vou dizer que o Secretário é um ausente do problema da educação. Dificilmente consegue-se chegar ao Secretário da Educação para se levar uma queixa, uma denúncia dessas. No final do ano passado, eu levei 45 dias para poder falar com o Secretário, para falar de uma escola que eles tinham desmanchado no Partenon e que estava à espera da reconstrução dos dois pavilhões que haviam sido desmanchados. Quarenta e cinco dias eu levei para chegar até o Secretário da Educação e agora não apenas este Vereador lamenta o fato da dificuldade de chegar até o Secretário da Educação, mas muitos outros Vereadores e até Deputados têm dificuldade de chegar até o Dep. Ruy Carlos Ostermann, jornalista. Hoje, eu vejo no jornal outras denúncias que envolvem o magistério, por exemplo, o magistério está querendo agora 64% de reposição, mas na mesma página do jornal onde o magistério pede 64% de reposição, também estudantes e professores de uma escola em Viamão dizem que lá não existem serventes. E nós sabemos muito bem que no final do ano passado, quando foi feito concurso para merendeiras, também foi feito concurso para serventes, porque este também é um problema eterno das escolas estaduais, e até o presente instante nesta escola de Viamão e em outras escolas estaduais do Rio Grande do Sul não existe ninguém para limpar banheiros e para varrer pátios. Então, quem faz esse trabalho são exatamente os alunos, que deveriam estar estudando, e professores, que deveriam estar dando aula. Estão cuidando de um assunto que não é seu, infelizmente.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria colaborar com V. Exª, porque ontem estive num ato público da 1ª Delegacia de Educação, pela enésima vez, reivindicando as mesmas coisas: professores, funcionários nas escolas, merenda escolar, prédios caindo aos pedaços. Há pouco tempo, tivemos, pelo truculento Bernardo de Souza, o famoso QPE implantado da forma mais autoritária e violenta possível, que, segundo ele, iria resolver todos os problemas e não resolveu nenhum problema. As escolas estão nesta situação e a Secretaria de Educação deixa de retirar a verba do salário-educação, que é repassada pelo Governo Federal através da Secretaria da Fazenda, que fica lá por dentro sendo utilizada para outras coisas. Por exemplo - no final de 1988 ficou um resíduo de dois milhões de cruzados novos na Secretaria da Fazenda que poderiam ter ido para as escolas e não foram só porque a SEC não buscou o dinheiro. Desta forma V. Exª poderá ter a dimensão do problema.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Agradeço o aparte de V. Exª, Ver. José Valdir, e lembro que depois que saiu de lá o Bernardo de Souza, quando foi para a Secretaria o Dep. Ruy Carlos Ostermann, todos nós pensávamos que todos aqueles problemas criados dentro da SEC seriam solucionados ou, pelo menos, teriam encaminhamento melhor, mas assim não aconteceu. Eu até digo para V. Exªs que, com o Dr. Bernardo de Souza, nós tínhamos um acesso muito mais facilitado, nós podíamos, com muito mais facilidade, chegar até o Dr. Bernardo, com o Prof. Ruy Carlos Ostermann, isso já não está acontecendo, e agora se pede a reposição de 64%, se pedem serventes, se pedem merendas escolares, se pedem merendeiras, se pede uma série de coisas na área do ensino público estadual. Imagine V. Exª, Professor José Valdir, nós poderemos ter a repetição das greves que nós estamos tão acostumados a presenciar e a sofrer com elas na área do magistério do Estado. Eu só espero que o Secretário da Educação não se faça tão ausente dos problemas da educação, que ele possa vir a público, que ele possa receber quem está querendo levar até ajuda para que ele possa se desamarrar, vencer as amarras que estão fazendo com que ele fique praticamente inerte na SEC. Olha que prestígio que tinha o Professor Luiz Carlos Ostermann antes de ir para a SEC. O Professor Luiz Carlos Ostermann era um homem de alto prestígio, não apenas dentro das fileiras do PMDB, como também entre todas as camadas sociais da nossa terra, mas passados alguns meses não chegou a um ano ainda, foi no final do ano passado que o Professor Luiz Carlos Ostermann assumiu a Secretaria da Educação e Cultura, passados alguns meses e já a esta altura dos acontecimentos o Prof. Luiz Carlos Ostermann já não goza daquele prestígio que gozava antes de ir para a SEC. Parece que a SEC, Prof. José Valdir, é realmente um grande desafio, um desafio invencível dentro dessa estrutura na qual nós vivemos. Eu espero, eu aguardo, realmente, que o próximo Presidente da República possa a vir a solucionar esse problema, que o próximo Presidente da República possa mudar alguma coisa dentro desse sistema, que possa dar uma nova dinâmica na área do ensino para que nós todos não soframos tanto no presente e para que as novas gerações, os nossos filhos que estão sofrendo atualmente nas escolas que mais sofrem esses problemas. Tenho um filho meu no Parobé que, de 15 em 15 dias, por exemplo, tem que ficar sem aula, porque os professores vão-se reunir para discutir problemas, às vezes até uma paralisação. Então é para coibir, para arrumar essa área que é muito delicada e é muito sensível, que eu realmente torço muito que o novo Presidente da República possa fazer frente e trazer novas idéias nesse campo.

 

O Sr. Valdir Fraga: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de cumprimentar V. Exª pelo pronunciamento. Eu até andava meio acanhado em me pronunciar a respeito da educação na área do Estado, tendo em vista que ela é tão fraca e a gente fica com a esperança que venha a se recuperar aos poucos. Mas, infelizmente, não se recuperaram até aqui. Saiu um que, olha, parece que houve um outro Secretário pior que o penúltimo, o ex-Prefeito de Pelotas, como é mesmo o nome dele?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Bernardo de Souza.

 

O Sr. José Valdir: Até esqueci o nome porque a gente bateu nele. O Prefeito Alceu Collares chegou a interditar dezenas de escolas. Agora entrou o Ruy Ostermann. A gente tem um carinho muito grande por ele, é uma pessoa muito boa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Nossa, o Ruy a gente sabe que tem muita competência!

 

O Sr. José Valdir: Então a gente poupa algumas críticas na expectativa até de que viesse a melhorar, tendo em vista que o Governador Pedro Simon lutou muito para não alterar o quadro de Secretários, até tinha um compromisso com o Bernardo.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Valdir Fraga, com toda a competência do Ruy Carlos Ostermann, ele não consegue resolver os problemas da educação e é um ausente. Como eu não sei quais são os planos dele, porque ele não dá acesso para que cheguemos até ele, então só posso julgá-lo ausente.

 

O Sr. Valdir Fraga: Eu não sou do PMDB, sou do PDT, respeito as pessoas, mas conseguiram colocar o Dep. Ruy Ostermann no rol dos piores Secretários, porque ele pegou uma Secretaria falida e que não está tendo chance de recuperar. Não se consegue audiência com ele, aí fui diretamente na 1ª Delegacia com a Prof. Iara, não lembro bem do sobrenome, parece que é Wortman, e fui tratado não como médicos parecidos com o nosso Ver. Mano José, que luta com carinho, que se dedica não interessando a quem, mas como alguns médicos que tratam as pessoas como um presunto quando vêm a falecer. Então, essa Professora me tratou dessa maneira. Foi na Escola Coelho de Souza, que fica no Lami e que precisa de 9 professores. Várias crianças vão à escola e retornam para Casa, - outras, permanecem em casa aguardando o chamamento da Direção da Escola. Fomos lá, em comissão, sem apelar para nada, nenhum tipo de movimento, e a Professora nos disse: “Olha, nós temos um quadro. Os Professores que são chamados escolhem as escolas.” Mas como é que vão escolher? Se tem uma escola precisando de 9 professores, outra precisando de um, eles têm que dar pelo menos 5 para aquela escola e depois recuperar de uma para outra, apesar de que todas as escolas precisam. Então, eu gostaria de cumprimentar V. Exª e a partir deste momento eu insisto, eu peço à Comissão de Educação desta Casa que procure resolver esse problema, senão não conseguiremos resolver nenhum problema referente à educação no Estado.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Agradeço a V. Exª pelo aparte e acrescento que se V. Exª é o Presidente desta Casa e não consegue audiência com o Secretário de Educação e Cultura do nosso Estado, imagine nós, que somos Vereadores, a dificuldade que temos.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de dizer que o PMDB é bem grande para receber a crítica do Presidente desta Casa como também de V. Exª. Não há problema. Antes que V. Exª encerre seu pronunciamento, quero registrar que V. Exª esqueceu de registrar que o Governo do PMDB contratou, no mês passado, três mil professores para o 1º grau. Problemas houve, muitas foram contratadas e não quiseram assumir e, além disso, ainda há a questão das professoras que não querem trabalhar na periferia. Esteve aqui no Plenário o Dr. Jocelin Azambuja, Presidente da Associação de Pais e Mestres, que atendeu a um convite da Comissão de Segurança desta Casa, ocasião em que foi mencionado pelo Dr. Jocelin que o Estado não precisava ter contratado três mil professoras para o 1º grau. Então é o que se vê: de um lado a comunidade solicitando professores para a periferia da Cidade e de outro Estado admitindo as professoras e o Dr. Jocelin Azambuja dizendo que não era necessário contratar três mil professoras.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Agradeço a V. Exª pelo aparte e peço condescendência à Mesa porque tenho dois apartes solicitados e gostaria de poder concedê-los.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Serei breve, nobre Ver. Luiz Braz, mas gostaria de pedir desculpas ao Dr. Jocelin Azambuja, nesta altura, porque ontem, sem que eu tivesse dito nada, mentalmente duvidei que ele houvesse esperado 45 dias para obter uma audiência com o Secretário da Educação, uma vez que é Presidente da Associação de Pais e Mestres. Estou pedindo desculpas ao Dr. Jocelin através de V. Exª, Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu ainda era Vereador do PMDB quando tive que esperar 45 dias para ter uma audiência com o Secretário de Educação e Cultura.

 

O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, o descalabro do Governo do PMDB neste Estado vai trazer seqüelas irreparáveis para o Estado. Mas a pior de todas, a mais grave de todas é exatamente na área de educação. O tempo já passou, nós teríamos comentários a fazer relativos ao pronunciamento de V. Exª. Mas só para destacar um fato: o PMDB passou 20 anos alegando maldosamente e mentirosamente que tinha professores em excesso, que o Governo do PDS havia injetado professores por empreguismo. Agora está contratando 3 mil professores. Caiu a farsa. Onde é que o PDS havia contratado irregularmente se nenhum foi demitido? E por que não tem a coragem, também, de chamar de volta os professores cedidos? Caiu a farsa do PMDB!

Só para entrar num detalhezinho, tem muito mais coisa por trás disso aí.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sou grato pelo aparte de V. Exªs e para finalizar eu só reforço a solicitação que já foi feita pelo Ver. João Dib que a Comissão de Educação desta Casa possa abrir um espaço para tratar deste assunto que é do ensino estadual, mas que fere diretamente crianças aqui da nossa Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Verª. Letícia Arruda, que cede o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães. V. Exª está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, talvez o fato político de maior ressonância seja, exatamente, a pesquisa publicada pelos jornais do País e publicada em Porto Alegre pelo nosso “Correio do Povo”. Nós entendemos que as pesquisas são – é a nossa opinião – indiscutivelmente instrumentos incentivadores de candidaturas. Não somos daqueles que pensamos que a pesquisa não ajuda o candidato colocado em 1º lugar, nós entendemos que a pesquisa é a maior arma de propaganda.

Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pesquisa é algo no nosso juízo, algo muito sério, normalmente quando estamos diante de um acontecimento da maior relevância para a Nação, que é a eleição do Presidente da República. O povo brasileiro vai escolher o futuro Presidente de forma direta, então, a eleição, a campanha, toda essa mobilização nacional, toda essa movimentação nacional tem que se pautar pela absoluta isenção para que o povo brasileiro, de forma livre, escolha quem entende deva dirigir os destinos do País.

Trata-se, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, de escolher o Presidente da República e todos conhecemos o que joga no sistema Federativo a Presidência da República. Nós somos uma Federação e com uma forte presença do Poder Executivo na condução da política e dos negócios brasileiros. Então, a eleição de Presidente da República é algo seriíssimo, algo muito sério que não pode ser desviado dos rumos que a Nação, pela sua análise, decidir e, quando vemos uma pesquisa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desta ordem, então nós ficamos a nos indagar: Mas a Nação está sendo manipulada quando vemos uma pesquisa com esse teor? Está se indicando mal os caminhos da Nação, porque o Governador Quércia é um bom político, nada em contrário. Mas, isso aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é algo manipulado, é uma manipulação, é uma manipulação nacional. E vou trazer à colação uma pesquisa recente. Todos estamos lembrados, ainda, da eleição municipal, quando antes de ser candidato o Dep. Antonio Britto era colocado como aquele que detinha o maior percentual na pesquisa. A Mesa coisa, agora, quando o Governador Quércia, de São Paulo, não é candidato.

Vejam bem este dado: os candidatos do PMDB são Ulysses Guimarães, Waldir Pires, o Governador do Pará, Álvaro Dias e o Iris Resende.

Vejam bem, se estes candidatos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aparecessem na pesquisa, muito bem, são candidatos, estão colocando seu nome à preferência da opinião pública.

Mas, vejam bem, o Governador Quércia não é candidato. E aparece na pesquisa como aquele que detém 18% da preferência do eleitorado.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós não temos dúvida da manipulação. Mas manipular algo da maior grandeza que é a escolha do futuro Presidente deste País, daquele que faz a paz e a guerra, daquele que vai ser escolhido para declarar a guerra e fazer a paz, tal é a dimensão do ato que, decorridos 30 anos, a Nação vai decidir-se. E se faz essa grosseira manipulação.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é preciso que a Casa e todos façamos a reflexão sobre o que hoje a imprensa brasileira publica. Trata-se de uma pesquisa de envergadura nacional, feita pela Data-folha de São Paulo, onde se coloca alguém que não é candidato e que alguns setores pretendem que sejam candidatos. Manipula-se toda uma pesquisa para se pregar uma mentira à Nação.

Então, vejam que País é este, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em que toda Nação estarrecida está diante de uma mentira. A mesma coisa se deu com o responsável Deputado Antônio Britto, que antes de ser candidato era colocado na pesquisa em primeiro lugar, e que chegou em 4º lugar. Vejam o que um instrumento dessa natureza pode ocasionar à Nação, levar a Nação ao equívoco.

Eu acho que nós não vamos tirar jamais o País da crise se não passarmos a sermos verdadeiros. Porque não tem saída, quando se manipula dessa forma com alguém que poderá ser candidato, porque os candidatos são: Ulysses Guimarães, Valdir Pires, o Governador do Paraná e Iris Resende. Então, se tirou o Governador de São Paulo, porque setores querem que o Governador de São Paulo seja candidato na disputa interna do PMDB. Se joga na retina da Nação esses dados que são manipulados.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Governador Orestes Quércia não deseja ser candidato, pelo menos nas afirmações que ele faz. Mas não estou defendendo o Governador Orestes Quércia; as pesquisas de opiniões só agradam quando são favoráveis. Essa é a grande verdade. Como V. Exª disse, é o voto induzido, colocando nomes que estão, sem dúvida nenhuma, na imprensa, como possíveis candidatos e aí o Governador Leonel Brizola perdeu, o Deputado Lula perdeu para Orestes Quércia que parece ser o nome – eu até fico triste que o PDS não está em primeiro lugar, porque se estivesse eu ficava contente e diria que a pesquisa de opinião é certa e tem se revelado, ao longo do tempo, com algumas exceções para confirmar a regra, que elas estão certas, inclusive colocando Antônio Brito em 4º lugar nas pesquisas.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exª. Então veja bem, não tenho nada contra o Governador Quércia. A questão, a análise, estou fazendo uma análise, nem estou preocupado com a posição do nosso candidato. Gostaria que o Governador Brizola, neste levantamento estivesse em primeiro lugar. É outra questão, Ver. João Dib. Nós estamos trabalhando diante desta realidade que hoje é um instrumento dos poderosos. Nem todos os partidos têm condições de fazer uma pesquisa nacional. O PT não tem. Então, aqueles que podem, fazem e colocam desta forma... – isso é um instrumento poderoso – este poder para ganhar eleição. Então, é um engodo, pois se trata de um instrumento que leva ao equívoco.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Essa pesquisa foi feita da seguinte forma e falo porque entendo de pesquisa, porque durante muitos anos dirigi estação de rádio e sei como se faz pesquisa e como o Ibope funciona. É entregue ao eleitor um cartão em que está escrito assim: se o candidato à Presidente da República pelo PMDB fosse o Sr. Orestes Quércia em quem você votaria? Aí vem a relação dos candidatos. Aí o eleitor se define, dentro do quadro eleitoral do PMDB. Se o candidato à Presidente do PMDB fosse Ulysses Guimarães em quem você votaria? Tanto que eles dizem que no eleitorado do PMDB o Collor tem 16%, Brizola 14%, o Lula tem 13%, enfim, é um tipo de pesquisa que se chama pesquisa induzida. Não tem valor para aferir a preferência nacional com relação à candidatura. Mas eles fizeram outra pesquisa, Ver. Elói, no mesmo momento disseram para o próprio entrevistado, independente deste cartão, quem é o seu candidato favorito para Presidente da República? E aí, Dr. Dib, mais uma vez, a Nação ficou sabendo que é Brizola com 9%, em segundo lugar o Collor com 8%, o Lula com 5% e o candidato do PDS, Paulo Maluf, está em 13º, com 1%. Essa é a pesquisa real, é a pesquisa quente, é a pesquisa que está vendo para que lado está tendendo a Nação Brasileira, hoje. Indiscutivelmente, está entre o Brizola, o Lula e, estranhamente, para o garoto propaganda do Sr. Roberto Marinho e da Rede Globo.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É exatamente neste espírito do aparte do Ver. Dilamar Machado, mas chamando a atenção de V. Exª para o fato de que é a própria publicação da pesquisa que, escancaradamente, se auto-denuncia manipulatória. Porque veja V. Exª que um quadro que tem quase meia página do Correio do Povo põe o Sr. Orestes Quércia com 18%, bem à frente dos outros candidatos. Mas é a mesma primeira página que, num canto, no rodapé, diz que, espontaneamente, o Sr. Orestes Quércia tem 2% da preferência popular. Então, como é que alguém  que tem 18%, mesmo numa pesquisa induzida, vai baixar para 2%, numa pesquisa espontânea? Isso é inaceitável, em termos de qualquer tipo de lógica em que se debata o assunto. Então, não é só uma pesquisa induzida, Vereador. É uma pesquisa claramente manipulada e que quer enganar a opinião pública, no momento em que o PMDB se debate internamente para escolher o seu candidato. É uma pesquisa manipulada, encomendada e engavetada, que se publica, hoje, na primeira página de um jornal como o Correio do Povo, que envergonha a imprensa gaúcha com uma publicação desta natureza.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Só para lembrar aos nobres colegas que a pesquisa não é do Correio do Povo, é de uma empresa chamada Datafolha, de São Paulo. Portanto, o Correio não envergonha a imprensa gaúcha, porque publicou uma pesquisa feita por outra empresa.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Em momento algum eu disse que a pesquisa é do Correio. Eu li a pesquisa, e ela foi feita pela Datafolha, de São Paulo. Muito bem, mas fica a nossa reflexão para chamar a atenção de que isso não pode transitar mais, não é possível que se manipule da forma que está sendo manipulado. Essa é a questão fundamental, e isso é um instrumento poderoso, as pesquisas são levadas ao conhecimento da opinião pública. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Inscrito no Grande Expediente, Ver. Luiz Machado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Antes de conceder um aparte ao Ver. Airto Ferronato, gostaria de anunciar aos senhores que amanhã, às 17h, será inaugurado, na Vila Restinga, o Quartel da 4ª Companhia da Brigada Militar. Portanto, é uma obra pela qual a comunidade muito lutou, muito reivindicou, trabalhou mais de dois anos para a sua conclusão. Convidamos os companheiros que queiram dar a graça da sua presença lá, o que para nós será uma satisfação, porque cada um dos senhores muito colaborou para isso, muito a Câmara Municipal colaborou, incluindo seus representantes da Legislatura passada, e da atual também, para que possamos dar um atendimento a nossa periferia, para que o nosso quartel traga mais segurança e participação da nossa comunidade. Cedo um aparte ao Ver. Airto Ferronato.

 

O Sr. Airto Ferronato: Obrigado, Vereador. Eu diria que o nobre Vereador Elói Guimarães falou da pesquisa, mas sempre se referindo a ela como um instrumento poderoso. A pesquisa, efetivamente, talvez seja um instrumento poderoso, mas num determinado momento demonstrou, e o próprio Vereador falou isso, que em 1983 se dava uma larga vantagem ao Dep. Antonio Brito, e no dia da eleição para Prefeito de Porto Alegre, o mesmo jornal, que hoje é criticado, o que estava em primeiro lugar, disparadamente, era o candidato do PDT. Estaria melhor com o Governador Simon, candidato a Presidente, se participasse dessa pesquisa.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço a V. Exª pelo aparte e gostaria de dizer que eu concordo em parte com a pesquisa. Só não concordo de fato, pois posso dizer aos senhores que o meu candidato dentro da convenção do PMDB à Presidência da República é Orestes Quércia. Já coloquei isso em documento, e mandei para o Partido o candidato e o vice-candidato que é Waldir Pires, a quem apóio, Governador da Bahia. Eu quero dizer que colocando Orestes Quércia na frente não nos ajuda, eu queria que o colocassem em 4º lugar, que assim vamos trabalhar muito mais para elegermos o nosso Presidente Oréstes Quércia para Presidente da República, porque, no momento em que a gente está na frente se acomoda, isso aí aconteceu com o Britto em 1988. Por enquanto a pesquisa está sendo para um homem à Presidência da República e não do candidato já escolhido em convenção do Partido à Presidência da República, de fato e de direito. De repente, estão pegando o homem Orestes Quércia e colocando na pesquisa com os demais e não é uma coisa oficial. A única coisa com a qual eu não concordo com o nobre Ver. Vieira da Cunha é ele dizer que o Correio do Povo envergonha a nossa imprensa com esta manchete. Eu quero dizer que quando a brasa vem para o nosso assado é bom e quando vai para o assado do vizinho é ruim. Mas eu quero dizer que eu não concordo integralmente com a pesquisa. Agora, chegar ao ponto de dizer que o Correio do Povo envergonha, o Correio do Povo é um dos grandes segmentos da nossa imprensa que nos merece respeito indiferente de partido, ideologia, discussão. Então, eu acho que isso não fica bem, Vereador, eu tenho certeza de que a sua colocação, ela não foi bem certa no que tange a envergonhar o povo rio-grandense.

 

O Sr. Vieira da Cunha: Ver. Luiz Machado, eu disse e repito: a publicação de pesquisas manipulatórias da opinião pública como esta, envergonha a imprensa gaúcha. Portanto, o Correio do Povo, na medida em que se presta a esse tipo de manipulação está envergonhando a imprensa gaúcha. Ou V. Exª tem como explicar: um candidato numa pesquisa, na mesmo hora em que se induz, tem 18% e no momento seguinte, ato contínuo, baixa de 18% para 2%. Se V. Exª souber me explicar como que alguém tem 18%, numa pesquisa induzida, que para mim é claramente manipulada, e na hora do eleitor responder da maneira espontânea este mesmo candidato, que é o primeiro disparado com 18% desce para 2%. Vejam os outros exemplos. O candidato Collor de Mello tinha 14% e na espontânea está com 8%, o candidato Leonel Brizola tinha 13% e na espontânea está com 9%; o candidato Lula, para ficar nos primeiros, tinha 12% e na espontânea fica com 6%, agora o único que tinha 18% na primeira, na espontânea fica com 2%? Isso é inexplicável, isso não tem lógica, isso é a manipulação a descoberto, por isso o que eu disse e repito: esse tipo de pesquisa claramente manipulatória envergonha qualquer jornal que a publique.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Esta é a sua opinião.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Se não for muita audácia da minha parte, pediria a V. Exª que amanhã na solenidade que se processa lá na Restinga, que V. Exª levasse o meu abraço, já que eu não poderei ir, já que aquele quartel se iniciou na minha administração. A área que foi cedida foi na minha administração.

Queria dizer também que me solidarizo com V. Exª quando diz que o Correio do Povo não merece as agressões que lhe estão sendo feitas. Diz claramente que tem 18% dos votos induzidos, são técnicas de fazer pesquisas que devem ser respeitadas.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Concordo e vou levar o abraço, e a saudação do Ver. João Dib à Restinga, amanhã, na solenidade.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria deixar bem clara esta parte aqui do que se relaciona ao Correio do Povo, o Correio do Povo não fez pesquisa nenhuma, o Correio do Povo comprou uma pesquisa de um jornal de São Paulo e evidentemente as responsabilidade perante a Lei eleitoral são da empresa que fez a pesquisa, que é a Datafolha, que deve encaminhar ao TRE os critérios, conforme determina a Lei. Mas não há, Ver. Luiz Machado, nenhum erro estatístico neste tipo de pesquisa e V. Exª sabe, se nós fizermos uma pesquisa na Restinga, dependendo da Unidade dá um número diferente, V. Exª conhece, se der num bloco é uma coisa, se der na Restinga Velha é outra. Não existe pesquisa que consiga com três mil pessoas dando opinião abarcar os 140 milhões de habitantes e os 85 ou 90 milhões de votantes. O importante nisso é que seja salvaguardado o nome do Correio do Povo e da imprensa gaúcha atacada não sei por que, pelo Ver. Vieira da Cunha, o próprio Correio que era acusado há poucos dias de estar fazendo propaganda para o Sr. Leonel Brizola, que publicava nas páginas centrais a biografia do Dr. Leonel Brizola quase durante um mês.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Exatamente. É aquilo que eu disse. Quando serve para o nosso assado a gente bate palma. Eu não estou concordando integralmente com as pesquisas, e até que eu não tenho condições de julgar essa pesquisa no momento. Até mesmo é o candidato que eu apoio a Convenção do Partido, eu não concordo com a pesquisa na sua plenitude em termos de estar na frente. Eu acho que a colocação hoje, de Orestes Quércia, ficaria num 4º, num 3º lugar, muito bom por não ser ainda candidato oficial do Partido.

 

O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu também não concordo com essa malhação com o Correio do Povo, tudo é uma questão da forma como é feita a pergunta. É que o PDT acha que é o dono da verdade, nunca deixa a gente concluir a afirmação que está fazendo, ele já corre na frente; isso se chama prevenção. Então eu estou dizendo o seguinte: na verdade tudo depende da forma como se faz a pergunta. Ainda ontem, o Ver. Omar Ferri apresentava uma pesquisa, aqui, mas se ele fizesse a mesma pesquisa perguntando o que acham da classe política ele ia ver que 90% da população acha péssima. De modo que ele pode induzir qualquer tipo de pergunta. Outra coisa, eu sinto que a população é muito mal informada. Durante a campanha eleitoral, seguidamente eu vi, todos os Vereadores eu acho que passaram por esta experiência, de pessoas que diziam: Ah, ainda ontem eu vi o senhor na televisão. “Viu coisa nenhuma”. Ah! O Sr. falou isso, nem me lembro o assunto, falou muito bem ontem na televisão. Seguidamente apareciam essas afirmações de pessoas que achavam que tinham visto a gente na televisão. Outra: “quando é que o Sr. vai assumir novamente o DMLU?” Eu sou do PDS, não tem nada haver com o PT. “Mas pode assumir, não tem problema”. Então, o pessoal, às vezes, e até gente a nível superior. Ora, quem faz uma observação dessas de que eu apareci na televisão, e eu não apareci coisíssima nenhuma, também pode muito bem responder e responder mal qualquer tipo de pesquisa, por isso eu coloco sempre em dúvida qualquer tipo de pesquisa.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Concordo com o seu aparte. Vou mudar um pouco o que se diz sobre os candidatos a Presidente e vou dizer mais. O Ver. Elói Guimarães aqui colocou que o PDT não tem o dinheiro para fazer uma pesquisa em nível nacional hoje. Eu quero dizer que o Doutor e Ver. Omar Ferri pagou do seu bolso uma pesquisa no Município de Porto Alegre, portanto, não é tão caro assim fazer uma pesquisa. Pelo menos ele mostrou aqui e deu até o nome da empresa que fez a pesquisa. Portanto, não é tão caro assim, dá para fazer uma pesquisa quando nos interessa.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu me referi à pesquisa, colocando que o PDT não tem condições, falando de algo sério feito dentro de critérios. Não estou me referindo a coisas arranjadas.

 

O SR. LUIZ MACHADO: No programa “Roda Viva”, realizado neste início de semana, com a presença do Governador Pedro Simon, Olívio Dutra fez uma pergunta ao Governador sobre como ficariam as escolas estaduais aqui no Município de Porto Alegre, haja vista que estão caindo aos pedaços e que nada foi feito. Mas quem tem telhado de vido não pode atirar pedra no telhado do vizinho. E o Governo do Município de Porto Alegre está deixando muito a desejar para fazer uma afirmação num programa em rede nacional, dizendo que as escolas do Estado e do Município de Porto Alegre estão caindo aos pedaços. Há problemas, sim, mas o Governo está tomando muitas medidas. Aqui, na Zona Sul de Porto Alegre, várias escolas já foram atendidas, já foram realizados reparos. Na área da Restinga, a maior parte dos colégios do Estado já estão sendo reparados, com empreiteiras trabalhando, para o bem das nossas escolas. Então, não fica bem aquele negócio de “caindo aos pedaços”, porque só falta o Olívio Dutra fazer a mesma coisa que o Governo Collares, começar a fechar escolas, e isso é feio. Já chegam as empresas de transporte, que virou um anarquia, virou uma baderna. Que não me faça isso aí em termos de colégio, deixe nossas crianças estudarem em paz. Vamos ajudar, vamos dar as mãos e vamos tentar consertar e fazer as denúncias devidas com responsabilidade, porque delas vamos tirar proveito para solucionar o nosso problema.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero dizer a V. Exª que amanhã, com muita honra, estaremos presentes lá na Restinga para a inauguração de mais uma unidade da nossa valorosa Brigada Militar. Mas, nobre Vereador, vou dizer a V. Exª que na pesquisa do Britto V. Exª sabe que eu sempre era taxativo nas nossas reuniões no Sindicato e que eu dizia sempre que o Britto seria o 4º colocado aqui na nossa Cidade.

 

O SR. LUIZ MACHADO: É uma inverdade de sua parte. Quando o Britto esteve no Sindicato e abafou com seu discurso, com sua explanação política, V. Exª foi o primeiro a dizer; “o Britto é que está na frente porque ele merece, porque é um grande político, é um grande técnico”. Agora, nas costas do Britto, V. Exª diz que não acreditava na vitória dele! É uma coisa pela frente e outra pelas costas.

 

O Sr. Ervino Besson: Não, V. Exª lembra-se muito bem de que naquele dia, no Sindicato, um colega me perguntou: - “Ervino, ainda hoje, após ouvir a explanação do Britto, acha que ele é 4º lugar?” Respondi que, para mim, ainda seria o 4º lugar na nossa Cidade.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Mas na frente dele V. Exª elogiou!

 

O Sr. Ervino Besson: Isso a título de gozação. V. Exª se lembra porque estava presente.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, vou falar sobre o meu Sindicato para dizer que o único candidato que lá não esteve fazendo palestra foi o nosso atual Prefeito, Sr. Olívio Dutra. Lá fizeram palestras os candidatos Carlos Araújo, Villela e Britto. Eu perguntei ao Presidente do Sindicato por que não havia convidado Olívio Dutra e ele me respondeu que Olívio Dutra estava só participando, mas que, verdadeiramente, não iria disputar a Prefeitura de Porto Alegre. Lamentavelmente é isso aí, não tenho força para mudar a cabeça do Presidente do Sindicato. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por falar em pesquisas eleitorais, essas grandes farsas que são montadas bem antes das eleições, andou muito bem o Congresso Nacional ao aprovar a Lei eleitoral, porque diz o texto da Lei que as pesquisas serão proibidas até 30 dias antes das eleições em 1º turno - agora, no caso para Presidente da República – e, posteriormente, no segundo turno, elas também obedecerão um certo prazo para que elas possam ser divulgadas.

Então, todas essas pesquisas que são divulgadas, na atualidade, tanto aquelas pesquisas que dão Brizola na frente, como aquelas que dão Collor de Mello na frente, como aquelas pesquisas que dão Quércia na frente, são pesquisas que não são confiáveis, porque são pesquisas que estão sendo feitas exatamente fora do clima eleitoral que elas devem se ferir, porque lembramos muito bem das pesquisas que foram realizadas para as eleições municipais; todos os números que foram divulgadas com muita antecedência durante a campanha eleitoral eram números falsos, eram números não confiáveis. E até me lembro muito bem que o candidato do PMDB, desde o início, em todas as pesquisas eleitorais, era o candidato que estava na frente, quando faltavam quinze dias para as eleições municipais, começou então a cair diante das pesquisas oficiais que eram realizadas. Então, andou muito bem o Congresso Nacional quando aprovou, na Lei Eleitoral, esse prazo para que as pesquisas oficiais pudessem se dar, proibindo a divulgação de pesquisas em data anterior a esse prazo.

Que bom que comece o mais breve possível o período da campanha eleitoral, Ver. Elói Guimarães, a fim de que possamos ter a proibição da divulgação dessas pesquisas, para que um moço, como é o caso do Collor de Mello, não comece a aparecer como grande “salvador da pátria” sem ter feito absolutamente nada. A única coisa que se divulga do Collor de Mello é o caçador de marajás. E hoje um dado, inclusive, que aparece como positivo no jornal, mas que eu acho que é um dado altamente negativo: o Sr. Collor de Mello reduziu os ganhos do funcionalismo público de Alagoas para um teto limite de 1300 cruzados. Isto aparece como positivo. Mas um cidadão desses vai fazer com que os grandes técnicos do Município, ou os grandes técnicos do País, não agüentem ficar no serviço público, vão fugir do serviço público. E um cidadão como este, tenho certeza de que estará aplaudindo o salário-mínimo que está sendo anunciado na base de 95 cruzados ou 99 cruzados, não atingindo a cifra de 100 cruzados. Porque ele quer salvar o Brasil, ele quer reter a inflação do Brasil em cima dos trabalhadores. Mas ele tem que salvar o Brasil, ele tem que reter a inflação do Brasil, mas não retirando a parcela dos trabalhadores que já não têm nada. Se nós vermos bem, Ver. Elói Guimarães, nós temos realmente que aplaudir um candidato que venha com planos, que traga saídas para a situação da onde estamos e não que venha apenas pregar, demagogicamente, que é contra marajás, que reduziu de 78 mil para 45 mil o número de servidores públicos de Alagoas, porque governar Alagoas é uma coisa, governar o Brasil é outra completamente diferente. Então, eu vejo muitos gaúchos, vejo muita gente aqui no Rio Grande do Sul batendo palmas para o Sr. Collor de Mello, apenas porque ele é um caçador de marajás. Mas isso é muito pouco para referendar um Presidente do Brasil, um Presidente do Brasil precisa de muito mais, precisa de muito mais história.

A parte do Sr. Collor de Mello, que diz que ele nomeou 5 mil funcionários públicos, essa parte eu não vejo ser muito divulgada. Vejo ser divulgada muito devagar, quando se fala nisso se fala muito baixo e quando os jornais, principalmente os jornais da Globo dizem isso, dizem em cantinho de página para ninguém ler. Mas isso todo mundo tem que saber, que esse cidadão nomeou, também, 5 mil funcionários públicos e que agora vem fazer demagogia e faz demagogia, hoje, também, através de um dos jornais da Cidade, exatamente em cima de salários. Se 1300 cruzados é salário de marajá, mas, então, esse cidadão com quanto será que ele vive? Eu gostaria de saber com quanto que o Sr. Collor de Mello consegue sobreviver. Será que se dermos 1300 cruzados para ele, ele vai sobreviver? É claro que não! Mas, com demagogia ele vem anunciar para todo o Brasil que vai achatar as salários e é claro que vai bater palmas para o salário mínimo de 95 cruzados que deve ser anunciado no dia 1º de maio. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Para uma Comunicação de Liderança, a palavra com o Ver. Isaac Ainhorn em nome do PDT, cinco minutos com V. Exª.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mas parece que a Bancada do PT já entrou no padrão. Um terço da Bancada da Frente Popular, já começou a aparecer as suas fissuras. O Partido Socialista Brasileiro afastou-se do Governo da Frente Popular. O Dr. Bruno Costa retirou-se da FESC. E esse Governo, o Governo do Partido dos Trabalhadores aqui na cidade de Porto Alegre, que tinha na Administração anterior um Vereador, que era o maior defensor dos funcionários públicos, hoje tem no PT o inimigo público número um dos funcionários públicos. E mais, esse governo é o governo que não se encontrou e que não se entende, porque a confederação do Partidos dos Trabalhadores é dividida em alas e subalas. E vejam V. Exªs que em menos de 120 dias de administração, depois de desestruturar completamente o transporte coletivo de Porto Alegre, já conseguiu endividar a Prefeitura em doze milhões de cruzados novos, em apenas três meses, dez vezes mais que a Administração Collares do ano passado. Vejam V. Exªs. Não falo das viagens a São Paulo que faz com que o Vice-Prefeito, na sua plenitude, assuma no exercício, mas falo que este governo ainda não se encontrou e não disse a que veio, afora as trapalhadas comuns que faz. Em matéria de trapalhadas, o Dr. Eno Dias de Castro, que é uma pessoa da maior responsabilidade, deve estar apavorado, veio aqui na Câmara Municipal explicar por que até hoje não mandou uma lei encaminhando a abertura de crédito extraordinário de 150 milhões para fazer frente à intervenção nas empresas de ônibus. Pediu desculpas, mas até agora o Governo Municipal do Sr. Olívio e Genro – Olívio Prefeito e Genro Vice – até hoje, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não encaminhou a lei para esta Casa. Vejam e pasmem V. Exªs frente a este fato, em três meses de administração o Governo da Administração Popular já conseguiu contrair empréstimos nos bancos no valor de doze milhões de cruzados novos.

Isso representa o seguinte: os senhores banqueiros, para antecipar os seus recursos financeiros são muito criteriosos, posto que pedem bloqueamento da receita do ICM e esta receita do ICM começa a ser comprometida para a frente e eu temo pelo que vai acontecer nos próximos meses em matéria da administração pública na Cidade de Porto Alegre. Isso, verdadeiramente, é uma situação que nos leva a pensar. Além desta, da trapalhada do crédito extraordinário que não encaminhou até hoje a Lei à Câmara de Vereadores, a do ITBI que deixou de arrecadar milhares de cruzados. Já se calcula a perda para o Município de Porto Alegre em mais de 1 milhão de dólares, pelo número de escrituras que foram feitas de transferência de imóveis, nos noventa dias em que a Cidade ficou sem lei, para transmissão de imóveis em razão da inexistência de qualquer imposto inter-vivos. Tudo isso nos leva a uma preocupação: para onde vai, para onde está levando a Administração Popular a Cidade de Porto Alegre? Não bastasse o caos administrativo, não bastasse a situação preocupante em relação ao transporte coletivo – e eu pensava que quando chegasse à Cidade as coisas estariam mais tranqüilas e constato que pioram – inclusive já se criou uma verdadeira indústria de mandados de segurança para a concessão de liminares na Justiça, pelos flagrantes atos de violação da lei praticados por inúmeros Secretários Municipais da Administração Popular. É só fazer um levantamento nas varas dos feitos da Fazenda Pública da Cidade, que se constata. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à verificação de “quorum”, para entrarmos na Ordem do Dia.

 

O SR. 3º SECRETÁRIO: Há vinte e cinco Srs. Vereadores presentes.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1120/89 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/89, que altera disposição da Lei Complementar nº 182, de 28 de setembro de 1988.

 

Parecer:

- da Comissão Especial. Relator Ver. Vieira da Cunha: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCE nº 001/89. Para discutir, Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fui honrado com a designação de relatar este Projeto que trata da mudança da área originalmente prevista, no que se convencionou chamar Praia do Guaíba, onde se autoriza, através de um contrato de concessão de uso entre a Prefeitura Municipal e a ADVB, a construção de um Centro Cultural. É do reconhecimento público que este foi um dos projetos considerados prioritários na administração Collares para Porto Alegre. Desde que assumimos a Prefeitura, o Prefeito de então, Alceu Collares, tínhamos como prioritária a devolução do Rio à Cidade. Nos inúmeros debates públicos que tivemos sobre o assunto, com diversas entidades, associações de classes, associações de moradores, entidades comunitárias, o Prefeito Collares defendia, com muita insistência, a execução do Projeto Praia do Guaíba. As razões são do conhecimento de todos os porto-alegrenses. Há muito tempo que a Cidade de Porto Alegre voltou as suas costas para o seu rio. Desde a construção do próprio Porto, passando pelo muro da Mauá, que foi popularmente batizado como o muro da vergonha, é que nós não temos a convivência e o contato com o nosso rio.

O Projeto Rio Guaíba aí está, sempre polêmico, sempre discutido, com os seus problemas, com as suas discussões que tratam de dar novamente condições de balneabilidade, de potabilidade ao nosso tão agredido Rio Guaíba. E o Projeto Praia do Guaíba exatamente propunha esta integração da Cidade com o seu rio e sobre esse Projeto esta Casa teve oportunidade de se manifestar e dessa manifestação surgiu a Lei Complementar nº 182, que prevê diversos regramentos a respeito da utilização de toda essa imensa área, que vai desde a Volta do Gasômetro até a Ponta do Melo. Dentre as obras, os serviços, os equipamentos previstos no Projeto Praia do Guaíba está exatamente este que se refere ao Centro Cultural da Associação de Dirigentes de Vendas do Brasil, ADVB. Originalmente, a construção do Centro Cultural está prevista por esta Lei aprovada pela Câmara, Lei Complementar nº 182, naquela área entre a Avenida Beira Rio e o próprio Guaíba, portanto nas margens do Rio Guaíba, nas curvas, nas imediações de onde se situa hoje o fórum de Porto Alegre. Agora o Sr. Prefeito de Porto Alegre manda a esta Casa um Projeto de Lei ora em análise que trata de transferir a localização do Centro Cultural da ADVB, desta área às margens do rio, para outra no mesmo sentido de onde hoje é previsto, só que do outro lado da Avenida Beira Rio, entre a Avenida Beira Rio e o fórum. Como esta decisão do Sr. Prefeito foi motivada por um acordo e tratativas havidas entre o Executivo Municipal e a ADVB, que é a entidade que será a concessionária e ali vai instalar o Centro Cultural, nós somos de parecer favorável, portanto pela aprovação deste projeto enviado pelo Prefeito Olívio Dutra. Mas achamos que é nosso dever fazer algumas considerações, das conseqüências e das mudanças que o Projeto Praia do Guaíba começa a ter a partir do Centro Cultural.

 

O Sr. Jaques Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu gostaria de perguntar a V. Exª se no seio deste Projeto existe a planta de localização da futura área, deste caso da ADVB, que vejo aqui no Projeto que aqui terão barcos de aluguel, escola de vela e comércio de artigos náuticos, e pelo que eu sei e vi na localização ela não ficará mais à beira do Guaíba, neste caso essa área está cortada pela Av. Beira Rio, isso é o que precisaria me informar, para saber se existe uma planta de situação desta área.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Existe, Ver. Jaques Machado, mas no Projeto original, porque no projeto original a Câmara Municipal aprovou o Projeto Praia do Guaíba, a lei e um anexo, e este anexo é exatamente o documento que informa a destinação das várias áreas que compõem o Projeto Praia do Guaíba. Isso tudo está discriminado por convenções, por isso que o Projeto de Lei que o Prefeito manda a esta Casa diz simplesmente o seguinte: que a concessão de uso para a construção do Centro Cultural prevista na Lei Complementar nº 182, na área EE-12, referida no anexo 1, é transferida para o lote PPG 1.2. Então, nesta convenção EE – 12 e PPG 1.2 está um mapa de localização no Projeto aprovado nesta Casa, então não haveria necessidade que o Prefeito remetesse novamente uma planta de localização, porque essa planta de localização já existe no projeto original e na verdade esse Projeto de Lei Complementar que estamos discutindo apenas transfere o Centro Cultural da área EE – 12 para parte do Lote PPG 1.2, não sei se respondo com essa informação a dúvida do nobre Vereador Jaques Machado. É claro Vereador que deverá haver por parte da ADVB alguns ajustes no seu Projeto original de construção do Centro Cultural, na medida que ele se transfere da margem do rio para local próximo ao rio, mas não às suas margens, deverá haver pequenas adaptações do Projeto construtivo da ADVB. Mas eu gostaria de referir apenas duas observações que motivaram inclusive o parecer favorável. Em primeiro lugar, coisa que já fiz desta tribuna, parabenizando a Administração Municipal pelo fato de ter revisado a sua posição inicial, pública, contrária à execução do Projeto Praia do Guaíba. Ouvia na campanha eleitoral críticas ferozes e, no meu entendimento, muitas vezes feitas, Ver. Giovani Gregol, por quem não leu e não conhecia o Projeto, V. Exª há de convir comigo que as críticas muitas vezes eram feitas por pessoas que não leram e que não conheceram a fundo o Projeto, não é o caso obviamente de V. Exª, mas muitos que criticaram não leram e não conheceram o Projeto. Veja bem que se dizia, Ver. Dilamar Machado, que se pretendia construir ali uma cortina de concreto, com construções e com prédios residenciais. E basta ler o Projeto e se vai ver que aqui está escrito que a altura dos prédios residenciais previstos era uma altura máxima de 7 pavimentos, e mais, Ver. João Dib – está aqui, 7 pavimentos que a taxa de ocupação era de 40%, e mais ainda, diz aqui no próprio Projeto que tem que haver, exatamente para impedir essa cortina de concreto, uma distância mínima igual à altura do prédio entre um e outro, para evitar essa cortina de concreto com que, injustamente, se criticava o Projeto Praia do Guaíba, e aí outras críticas que se nós formos analisar o Projeto profundamente nós vamos ver que todas elas eram completamente infundadas. Mas eu vou finalizar em seguida, apenas fazendo uma segunda observação. Além dessas críticas infundadas há e eu tenho o dever como relator de alertar os companheiros Vereadores, se trata, sim, de uma simples mudança de localização, agora, esse acordo feito entre a Prefeitura e a ADVB tem uma outra conseqüência, Ver. João Dib, que é a seguinte: essa área, onde agora vai-se localizar o Centro Cultural da ADVB é uma área que havia sido desafetada pela Câmara e, portanto, o Executivo estava autorizado a proceder mediante licitação. E veja aqui, o Projeto de Lei, outra acusação que se fazia da venda de terrenos públicos à iniciativa privada, e nessa crítica se fazia crer à população, erroneamente, que haveria uma venda de caráter privado. Não! Está prevista, e é dever legal alienação por licitação. E essa onde vai estar agora o Centro Cultural da ADVB, era um das áreas desafetadas previstas para ser alienada. Portanto, no momento em que nós vamos votar – e acho que devemos votar favoravelmente a esse Projeto – nós temos que ter consciência também de que estamos privando os cofres públicos municipais de uma soma bastante significativa de recursos na medida em que a concessão de uso à ADVB se dá a título gratuito, e a área será ocupada pelo Centro Cultural, portanto, não poderá ser alienada, e o Município vai-se privar dos recursos que poderia obter com a venda desse lote. E é um lote de uma localização nobre, como sabem os Srs. Vereadores, e de um valor muito significativo. Então, veja  que esses recursos que nós poderíamos ter com a venda, que serviriam – e está previsto no Projeto – tanto para a execução do Projeto Praia do Guaíba, a urbanização da orla, como também para um fundo de saneamento das vilas populares. Vejam que esse fundo de saneamento das vilas populares se constituirá de 35% dos recursos que forem arrecadados com a venda desses lotes que foram desafetados. São recursos vultosíssimos que poderiam ser utilizados para a canalização de valões em vilas para rede de esgotos. Estão aqui os Vereadores Zanella e Dilamar Machado, que foram Diretores-Gerais do DEMHAB, que lidaram com essa população e sabem o quanto é impotente o DEMHAB por insuficiência absoluta de recursos para resolver esses verdadeiros dramas da população da periferia da Cidade. Pois esse fundo que se constituiria de 35% dos recursos das alienações desses imóveis, serviria exatamente para ser aplicado em obras de infra-estrutura nas vilas populares. Então, vi-me na obrigação, Ver. Artur Zanella, de fazer este alerta aos companheiros Vereadores, porque justifica sua aprovação, mas é sabido que a administração da Frente Popular está fazendo uma ampla revisão no Projeto Praia do Guaíba. Só espero que essa ampla revisão não seja nos termos que foi esta, ou seja, deixar de alienar terrenos, porque sou da convicção de que a Prefeitura não é imobiliária, ela não pode especular. Se a Prefeitura tem terrenos de bom valor que são de sua propriedade e estando autorizada pela Câmara para fazer a alienação, sendo os recursos destinados para obras sociais, de saneamento básico como está previsto no Projeto Praia do Guaíba, por que não alienar, por que não vender e utilizar esses recursos nas áreas mais carentes e necessitadas da Cidade? Então, sou do parecer favorável mesmo porque acho que houve um acordo entre a Prefeitura e a ADVB e não seremos nós, Vereadores, que iremos inviabilizar uma obra da importância de um centro cultural que a Cidade precisa e que há tanta espera.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite? (Assentimento do orador.) Creio que V. Exª colocou muito bem a questão mas, efetivamente, parece que a idéia é não se prosseguir o Projeto Praia do Guaíba, e isso foi dito à época da aprovação – V. Exª não era Vereador, ainda – quando dizíamos que estávamos aprovando o Projeto, mas que o futuro Prefeito que o alterasse. Agora, eu gostaria que V. Exª, na sexta-feira próxima, já que existe um Veto para ser apreciado nesta Casa sobre o ITBI, nos ajudasse a derrubar esse Veto, porque votamos naquela oportunidade os 35% para aquele fundo e não havia inconstitucionalidade nenhuma, tanto é que foi sancionado pelo Sr. Prefeito, tranqüilamente. Na sexta-feira nós votaremos um veto do Sr. Prefeito, porque se votou nesta Câmara, no Projeto do ITBI, 20% para obras em vilas populares. Exatamente igual ao texto Praia do Guaíba e o Sr. Prefeito vetou por inconstitucional.

Então, deveremos fazer uma simetria e rejeitar este veto na sexta-feira, porque o que se perderá no Praia do Guaíba se ganhará no ITBI.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Ver. Zanella, veja que eu não estou adiantando o meu voto e o meu posicionamento a respeito deste Veto. Mas não poderia deixar de alertar V. Exª que são dois assuntos distintos, por quê? Porque aqui, os 35% que formariam o Fundo são resultantes da alienação desses terrenos que foram desafetados pela Câmara e o outro, a que V. Exª se refere, se trata da aplicação de recursos provenientes da cobrança de impostos. E veja V. Exª que a vinculação de receita proveniente de impostos à obras específicas e determinadas, obras e serviços determinados, realmente encontra redação no texto constitucional. Não é o caso de um Fundo que não tem origem em imposto e sim no resultado de alienação de terrenos.

Então, veja V. Exª que uma coisa é distinta da outra. Eu não estou adiantando a V. Exª o meu voto, até porque não discuti com a minha Bancada esta questão. Acho que são assuntos diferentes.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para induzir as pessoas ao erro, é que no que nós vamos votar, neste veto não existem obras determinadas e nem definidas. O que existe é uma área.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: V. Exª há de convir comigo que existe uma destinação específica e é isso que a Constituição veda em princípio. Mas nós haveremos de estudar esse assunto oportunamente por ocasião da apreciação desse veto.

Por enquanto, Sr. Presidente, eu finalizo dizendo que a nossa posição, enquanto Relator, é favorável à aprovação do Projeto, bem como a da Bancada do PDT. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Gert Schinke. Dez minutos com V. Exª.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não poderia deixar de me manifestar nas discussões sobre este Projeto, porque há muito tempo eu sou parte envolvida nas discussões que já houve durante, inclusive, o processo de discussão, no ano passado, pela Legislatura passada, com as diversas manifestações realizadas pelo movimento ecológico. Eu não poderia deixar de colocar aqui o nosso ponto de vista.

Em primeiro lugar quero ressaltar o método de discussão de que se utilizou a Administração Popular para chegar à conclusão sobre a qual nós estamos, hoje, votando. No próprio encaminhamento expedido, pela justificativa expedida pelo Sr. Prefeito Olívio Dutra, consta o seguinte nesta explicação: “A ADVB mostrou-se sensível às ponderações de entidades representativas da comunidade. Bem como os estudos efetuados pelo grupo de trabalho da Administração Municipal que analisou o Projeto Praia do Guaíba. Quanto aos inconvenientes de localizar o Centro Cultural na orla entre o Dique e o Rio.”  Mais adiante: “O Município por sua vez reconhece o valor do empreendimento, devendo apresentar benefícios extensivos à população em geral.

Portanto, aqui, a primeira questão que se coloca é que nós refutamos veementemente a idéia que já foi por vezes colocada, inclusive desta tribuna, de que a Administração Popular e os Vereadores da Bancada do PT, não estão levando em conta o aspecto cultural, estão secundarizando a questão da cultura no Município de Porto Alegre, que nós não temos interesse pela questão cultural. Ora, isso me parece que está mais do que devidamente esclarecido. Jamais nos posicionamos sobre qualquer tipo de projeto cultural nessa Cidade. Muito antes pelo contrário, tem-se aqui em mente o que nós fizemos na Semana de Porto Alegre! Mais de 100 eventos culturais que realizou a Administração Popular, num Projeto imediato, inclusive, dada a dimensão e a diversidade dessas atividades.

Nós temos, portanto, todo o interesse em garantir para a população de Porto Alegre um Projeto dessa envergadura e com essas características.

Aqui, também, quero lembrar que, em declarações aqui da tribuna, alguns Vereadores, como eu dizia aqui e colocava, queriam ser mais realistas do que o rei. Me lembro de um caso de um Vereador da Bancada do PDT que subiu aqui à tribuna, raivoso, denunciando o descaso da Administração Popular para com a cultura desta Cidade e que nós tentávamos impedir o Projeto da ADVB, inclusive reconhecida pelas declarações do Vereador que aqui me antecedeu, Ver. Vieira da Cunha, Líder da Bancada, que reconheceu que não se tratava em nenhum momento de uma tentativa de impedir a concretização do Projeto da ADVB. Acho que o processo que culmina agora com este acordo que foi feito com a Administração Popular e a ADVB, ele foi mais do que correto, foi um processo que envolveu as partes todas, no caso, o movimento ecológico, que sempre protestou contra aquela concepção original do Projeto Praia do Guaíba e que no nosso sentido foi uma vitória, ainda que parcial, foi uma vitória aquele projeto, da maneirsa que passou, embora tenhamos hoje várias questões a colocar em relação ao Projeto que foi aqui aprovado, e que estamos reestudando.

Mais adiante, e quero apenas aproveitar para comentar o parecer da Comissão que coloca a questão de maneira um pouco discutível. O projeto tem como propósito principal urbanizar uma área importante da Cidade e devolvê-la ao uso da população. Isso é verdade apenas em termos, porque se trata não, na verdade, de urbanizar uma área que no nosso entender e na nossa concepção, de paisagismo e de urbanização para uma Cidade como Porto Alegre, e no caso em questão este projeto envolve toda uma concepção de urbanização e de paisagismo. Esse termo é questionável. Na verdade deveria se dizer, se trata de fazer um projeto paisagístico para esta área, que este sim, este pode devolver uma área no nosso ponto de vista mal aproveitada para a população. E qual a população? Isso temos que nos perguntar, temos o dever de nos perguntar para que população devemos entregar essa área. Sabemos perfeitamente que os grandes projetos, no estilo do original que estava concebido pelo escritório de arquitetura do Arquiteto Debiagi não era o mais adequado na nossa concepção para garantir o acesso à população, especialmente aquela de baixa renda. Porque nós sabemos que Projetos com aquelas concepções paisagísticas arquitetônicas não atraem a população de baixa renda para esses locais, mas sim a de alta renda. Na concepção original, concebidos alguns prédios espigões, de apartamentos de luxo, e que nós conseguimos convencer os Vereadores a abandonar aquela idéia, que caiu do Projeto; inclusive o Shopping Center que também sai do Projeto, graças à ação fulminante do movimento ecológico.

E aqui eu quero trazer à memória, aos Ilustres Vereadores, todo movimento, principalmente encabeçado pelo movimento de defesa dos parques da Cidade, que reuniu cinqüenta e quatro entidades, sindicatos, organizações populares na nossa Cidade, que se contrapôs àquela concepção original do Projeto Praia do Guaíba. E nesse sentido, então, isso foi uma vitória que culminou naquele dia com a nossa manifestação, na subida da chaminé do Gasômetro. Portanto, como parte envolvida que fui na discussão, na época do Projeto, durante aquela movimentação enorme que se fez na história da Cidade de Porto Alegre, na história das lutas populares desta Cidade. Não só reafirmo essa posição favorável à mudança dessa área, porque acho que não descaracteriza esse acordo que foi feito. Como estava concebido o Projeto da ADVB, embora salientando todas as qualidades desse Projeto, achamos que naquela posição original em que estava, ele iria descaracterizar a paisagem que tem que ser preservada da orla do Rio Guaíba e de outras áreas aqui do parque. Então nessa transferência do terreno está se dando um passo no sentido de garantir uma paisagem do rio, acessível, garantida de todos os pontos de vista de que se avista da Av. Beira Rio e de outras áreas aqui do Parque. Não só do Rio Guaíba, mas do seu lindo pôr-do-sol. Isso é fundamental: a garantia da vista. Inclusive, concluindo, Sr. Presidente, quero lembrar que tem países que têm legislação que garante o direito à vista. Nós ainda não avançamos nesse sentido aqui no Brasil. O direito à vista e à paisagem é um direito garantido em várias constituições em muitos países deste planeta Terra. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito, Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, naturalmente, eu não poderia deixar de me manifestar, quando se discute, como antecedente da votação, da apreciação por esta Casa deste Projeto, quando se discute assunto tão importante e polêmico na cidade de Porto Alegre, como é a utilização da orla ainda preservada do rio da Cidade. E esse Projeto, chamado Praia do Guaíba, que agora volta desta forma para o debate, certamente voltará em próximas oportunidade nesta Casa e em outros lugares, é um Projeto bastante polêmico e as entidades ecológicas, movimentos ecológicos, outras sem-número, número bastante expressivo, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos de entidades do movimento popular, entidades comunitárias, entidades de categorias de trabalhadores, categorias profissionais já se manifestaram claramente contra o Projeto, desde a sua primeira versão até a última, a terceira, que foi aprovada nesta Casa. Diz o Ver. Vieira da Cunha, como relator desta Comissão, a qual eu tive a honra de presidir, que é justificada a pretensão da administração em permutar, em transferir a área dada em concessão à Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil – ADVB para uma localização que ela entende melhor, consultando várias entidades interessadas, inclusive entidades ecológicas e segundo acordo que foi feito entre as partes, todas interessadas. Realmente, neste aspecto, o Ver. Vieira da Cunha tem toda a razão. É preciso deixar aqui bem claro que a nossa Administração Popular, ao assumir a Prefeitura da Cidade, ela se defrontou com um fato consumado, esta é que é a verdade. Não dependia e não depende de nós permitir ou não a construção da sede da ADVB, já que a concessão desta área foi feita, foi aprovada por esta Casa, através de Emenda ao chamado Projeto Praia do Guaíba, se não me engano pelo Ver. Artur Zanella, aqui presente, que me ouve, aprovada por maioria, seguindo todos os trâmites legais e regimentais. Portanto, a ADVB se encontrava, inclusive, em condições de questionar, na Justiça, e de ganhar, qualquer iniciativa, qualquer pretensão da nossa administração, ou de qualquer administração que, governando a Cidade, tentasse impedir a concretização desta concessão aprovada por esta Casa e da construção desta sede, também explicitada no referido Projeto Praia do Guaíba. Se pudéssemos optar, certamente o nosso encaminhamento teria sido diferente. É preciso deixar isso bem claro aqui, para que oponiões, palavras vagas, ou coisas ditas nas entrelinhas, pretendam insinuar que nós retrocedemos, que nós recuamos. Não acho ruim, não acho equivocado retroceder, recuar, ou melhor, mudar de opinião quando estamos convencidos das nossas posições, quando estamos convencidos de que estávamos errados. Absolutamente não é o caso aqui, tanto da Administração Popular, quanto dos partidos que nos dão sustentação. Jamais a nossa Banacada aqui não aprovou, protestou, e encaminhou e votou claramente contra a concessão dessa área de 2 hectares – na última versão, me conrrige o Ver. Zanella – da orla da Cidade para uma entidade de dirigentes de vendas, de empresários, e que, com todo o respeito, e que com todas as funções públicas que reconhecidamente constatamos, não é uma entidade pobre. Não me consta que a ADVB seja uma entidade que precise de doação ou concessão de terrenos públicos. Muito pelo contrário. Então, essa não é a nossa política, e nos defrontamos com o fato consumado, e tivemos que optar pelo mal menor: ao invés de se construir uma grande obra – é verdade, com todos os méritos, centro cultural, teatros, cinemas, aliás, sou sócio antigo do clube de cinema de Porto Alegre, outros equipamentos de lazer de se permitir a construção disso tudo, dentro do Parque, o grupo criado pelo Sr. Prefeito Olívio Dutra, optou por transferi-lo para uma outra área pública, do lado de lá, impedindo aquilo que queríamos já antes das eleições, que é a ocupação dessa área pelos espigões, pelas obras públicas. Vejam bem, o nobre Ver. Vieira da Cunha, que vai me apartear, com seu parecer, e é legítimo, tenta justificar o Projeto Praia do Guaíba, inclusive, dando a entender que nós estaríamos, depois da eleição, a nossa administração, retrocedendo sobre aquilo que afirmamos, e absolutamente não é o caso. Veja bem, a administração Collares pretendia alienar, vender a terra pública, área de preservação e de lazer para a população – especialmente a população de baixa renda desta Cidade – à iniciativa privada, alegando uma séie de coisas.

Nós estamos fazendo justamente o contrário, nobre Vereador, como V. Exª aqui reconheceu, nós estamos abrindo mão de uma área que o Município poderia vender para lá localizar esta sede que, se localizada no lugar inicial, viria prejudicar o patrimônio ambiental e de lazer e para o fim público desta Cidade. Nós estamos agindo de forma inteiramente diferente. E o Projeto Praia do Guaíba, na sua essência – pode-se falar muito sobre ele – nós também somos contra. Aliás sempre fomos contra, o Movimento Ecológico também foi contra o abandono dessa área. Nós não queremos que essa área seja abandonada, nós queremos que ela cumpra a sua destinação original. Agora, jamais entregando, vendendo, concedendo ou dando à iniciativa privada, dando à área outras utilizações que não sejam aquelas originais para as quais o Parque inclusive foi criado e o rio foi aterrado. Então, nós vamos começar a aterrar o rio e contruir em cima!?

Ver. Vieira da Cunha.

 

O Sr. Vieira da Cunha: Vereador, com todo o respeito que V. Exª merece, V. Exª está sendo incoerente. V. Exª disse que a Administração optou por um mal menor. Mas veja, a Adminitração tinha poderes, inclusive, para tornar sem efeito a concessão daquela área e não dando uma alternativa como está dando a esta Casa, na verdade o que V. Exª tem que assumir é que a Administração Popular entendeu correta a construção do centro cultural e achou apenas incoveniente a localização. Apenas passou de um lado para o outro da avenida, mas ela ratificou a posição original do Projeto Praia do Guaíba que dava a concessão de uso de uma área para a ADVB construir o seu centro cultural. Ou então V. Exª tem que fazer como fez o Arquiteto Udo Mhör, que é o Secretário Substituto do Meio Ambiente que votou contra essa mudança de área lá no Conselho do Plano Diretor, mas V. Exª não pode defender a posição do Executivo e ao mesmo tempo atacar o Projeto Praia do Guaíba que estará sendo incoerente.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): O Ver. José Valdir está-se inscrevendo, se V. Exª desejar mais 10 minutos, o Vereador cede o tempo a V. Exª, com autorização dos Vereador Isaac Ainhorn, Elói Guimarães, João Dib.

V. Exª tem mais 10 minutos.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Nobre Ver. Vieira da Cunha, atentamente ouvia, aqui, o seu pronunciamento, inclusive me abstive de fazer aparte, o que é perfeitamente legítimo – fazer apartes – porque sabia que teria tempo para polemizar com o Vereador aqui da tribuna.

Mas, na realidade, V. Exª muito habilmente, inteligente que é, parlamentar, mais experiente, inclusive mais do que eu, tentar manobrar com as palavras. Veja bem, nobre Vereador, a nossa Administração nunca foi, nem será e nem poderia ser contra a construção de qualquer centro cultural. Em primeiro lugar, isso tem que ficar bem claro. Em segundo lugar, vou repetir pela quarta vez aqui desta tribuna, agora, aquilo que já disse em vezes anteriores: nós já nos defrontamos com um fato consumado, perante o fato consumado nós optamos, nós consideramos realmente indesejável – veja bem, nobre Vereador, preste atenção – nós considerarmos indesejável não a construção do centro cultural, nunca afirmamos isso. Nós consideramos indesejável a construção do centro cultural ali onde estava projetado inicialmente, o que é coisa muito diferente do que afirmava V. Exª. E tanto assim consideramos que propusemos, tomamos a iniciativa de propor às partes interessadas, à própria ADVB, a principal interessada e beneficiada por essa concessão de área pública, propusemos a transferência dessa área para o outro lado da avenida, de forma que a construção deste referido centro não constituísse aquilo que queria e que parece que quer ainda a Bancada, o Partido de V. Exª, ou seja, a colocação de uma cunha dentro do parque que propiciariaa a médio ou longo prazo – esta é que é a verdade – a urbanização toda, a urbanização no sentido da construção de prédios de vários tipos, de várias finalidades naquela região. Isso nós obtivemos e todas as partes estão satisfeitas, isto foi motivo inclusive de acordo entre todas as Bancadas desta Casa.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu quero dizer a V. Exª que entendo que o cancelamento poderia ser feito realmente, mas não sem custo para a Prefeitura, portanto foi por isso até que eu votei com a conlusão e não com o parecer na sua integralidade.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: V. Exª tem razão, agradeço o aparte. Eu como Presidente inclusive aprovei naturalmente o parecer do relator Vieira da Cunha, com restrições, porque nós estamos tratando aqui de um assunto específico, nós não podemos entender que a nossa concordância com este acordo que foi feito, acordo legítimo, acordo correto, desejável, pressuponha um acordo da nossa Administração com o Projeto Praia do Guaíba no seu todo. Porque nós somos contra o Projeto desde o início até o seu final, na sua terceira versão que foi aprovada. E também fomos contra, por questão de princípios partidários, à concessão dessa área à ADVB dentro de um dos parques da Cidade.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Veja V. Exª que essa área que está colocada agora, a área com a alternativa proposta pelo próprio Executivo, também é dentro do parque, Ver. Giovani Gregol, ou V. Exª não viu o Projeto, não sabe que a área onde vai-se localizar o Centro Cultural da ADVB, também é dentro do parque?

 

O SR. GIOVANI GREGOL: É dentro de uma área que oficialmente é considerada parque, mas não às margens do Rio Guaíba. É isso que interessa aqui no caso. É exatamente isto que eu estava dizendo. Mas V. Exª aqui, ao defender mais uma vez o Projeto Praia do Guaíba, disse que a Administração do ex-prefeito Alceu Collares, do seu Partido, visitou uma série de entidades comunitárias e segundo as suas palavras na verdade foram integralmente a favor do Projeto, não colocaram nenhuma crítica, não propuseram nenhuma melhoria. Mas esqueceu de falar das entidades ecológicas que ele teria visitado, porque realmemente ele não não visitou. Mas eu quero dizer aqui a V. Exª que nós também temos uma lista, estou aqui com uma lista em mãos que eu passo depois à Taquigrafia para copiar, para que conste nos Anais da Casa, 49 entidades que não são todas do Estado do Rio Grande do Sul, de várias naturezas que se posicionaram claramente contra o Projeto e continuam se posicionando, aliás, isso é fundamental, contra o Projeto Praia do Guaíba, entidades que me parecem que têm alguma representatividade, por exemplo, o CREA, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, quando se trata de um Projeto de Urbanismo, o Conselho Regional de engenharia e Arquitetura se posiciona oficialmente contra a obra. Naturalmente além das entidades ecológicas como a AGAPAN, FBCM, ADFG, CAETE, a FRACAB, Federação Rio-grandense de Associações Comunitárias de Amigos e Bairro, a UAMPA, o Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul, o Instituto dos Arquitetos do Brasil, e assim várias dezenas de entidades, a Associações dos engenheiros Agrônomos de Porto Alegre, a SARGS – Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul, entidades comunitárias, entidades profissionais, com a Associação dos Servidores do INCRA, a Associação da Vila União, a ex-Associação dos Municipários de Porto Alegre – AMPA, o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul, quer dizer, todas as entidades que, por motivos alegados, e eu tenho aqui os pareceres... (Aparte anti-regimental.) Sr. Presidente, assim não é possível.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos assegurar a palavra do orador e, quanto a apartes, apenas quando o orador os conceder. Pedimos silêncio ao Plenário. O tempo do orador será descontado. (Pausa.)

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Muito obrigado, Sr. Presidente. Mas tenho aqui os parecers dessas entidades todas, inclusive entidades como citei, de caráter técnico-profissional, claramente se posicionando por vários motivos, inclusive os alegados aqui, contra o Projeto. Se V. Exª não tem essas cópias, meu gabinete pode-lhe ceder. E, na realidade, o argumento principal de todos esses pareceres que foram dados, de todas essas opiniões que foram exaradas, é de que não se deve, por um princípio de administração, e não se deve, também, por motivos técnico-científicos, permitir que a área pública, especialmente uma área como essa, destinada originalmente para preservação e lazer – repito – seja entregue, sob qualquer forma, à iniciativa privada para que ela lucre em cima dessa área. E realmente nós consideramos que essa área não deve ficar como está, por isso, nesse sentido é que a Prefeitura de Porto Alegre criou um grupo coordenado pela Secretaria de Planejamento do Município que está estudando alternativas que não digo que são novas, algumas até são antigas, são as originais, para ocupação, para urbanização dessa área no sentido da menutenção da sua destinação original e primeira. Porque nós também achamos que essa área foi muito abandonada, ela teve, e ainda tem, muito lixo, ela foi ocupada irregularmente, foi mal policiada e tudo isso aconteceu especialmente durante o governo do Prefeito Alceu Collares, que permitiu que aquela região fosse ocupada de forma talvez, até, para depois justificar a entrega ou a venda, a alienação e a concessão desta vasta área privilegiada da Cidade à iniciativa privada. V. Exª, nobre Ver. Vieira da Cunha, tem razão quando fala nos sete andares. O primeiro projeto permitia, ou melhor , não falava em limitações de andares, poder-se-ia construir lá até um “Empire State”. Depois, o projeto foi evoluindo e, na versão que foi aprovada, limitava em sete andares; era um projeto; não digo melhor, mas menos ruim do que o original. Inclusive não consta a construção de um “Shopping Center”, de um hotel cinco estrelas, por pressão da comunidade e também por pressão desses setores em presariais que investem nessas áreas e que não estavam interessados numa concorrência com hotel e com “Shopping Center”. Isso também tem que ser dito. Mas o que é fundamental, que era a não entrega dessa área à iniciativa privada, o projeto não abriu mão disso porque era da sua própria essência e isso, V. Exª pode ficar tranqüilo, nobre Vereador, não vamos fazer, pelo menos nos quatro anos de administração da Frente Popular. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que a Bancada do Partido dos Trabalhadores, a Bancada ecologista desta Casa, está ficando mais realista, está vendo que a política é a arte da negociação, é a arte do entendimento e, por isso, foi procurar os empresários da ADVB. Lógico, com muita propriedade, diz o Ver. Giovani Gregol, aqui ao meu lado: “Qual é o problema?” Nenhum, exatamente, nenhum e por isso que o PT está melhorando. O PT, talvez por influência de alguns segmentos, já não tem aquele ranço. Há pouco tempo eu estava disposto a presentear para alguns companheiros do PT – porque outros já têm em sua biblioteca, eu sei – o livro de Vladimir Elichi, “O Esquerdismo, a doença Infantil do Comunismo”. Mas pelo visto eu não vou precisar ter este gasto, a turma já está mais preparada, sentindo que o regime é um regime capitalista, que a economia é uma economia de mercado e que tem patrão, tem empregado e que tem que estabelecer um diálogo com as classes dominantes. E o PT foi la e já começou a compor com a Associação dos Dirigentes de Venda e, em boa hora, porque era mais uma “fria”, porque o PT não é dono da Cidade. Ists tem que estar muito claro! O Partidos dos Trabalhadores não é o dono da Cidade, ele tem um mandato de representação política outorgado pelo voto. Isto sim! Mas ele não pode desconhecer decisões emanadas da Câmara de Vereadores e ele entrou na base de uma notificação, tentando exatamente tumultuar a conquista desse espaço cultural aqui para a nossa Cidade, do Projeto Praia do Guaíba. Sentindo que juridicamente não tinha muita possibilidade de ser vencedor, até pelo bom senso – volto a reafirmar – o Dr. Enno Dias de Castro, que passou aqui por esta Casa, tem tido muito trabalho para convencer esse pessoal lá da Liderança política do Partido dos Trabalhadores, o coletivo do PT, porque senão eles já querem, não vamos enfrentar isso aqui, vamos fechar rua e tal, impedir a construção. Eles esqueceram que a ADVB tinha até licenciamento e aprovação para a construção da obra. Tinha evidentemente direitos adquiridos. Direitos adquiridos são direitos que devem ser respeitados e preservados, tanto numa sociedade capitalista como numa sociedade socialista ou numa sociedade mista, onde existem valores capitalistas e valores socialistas.

Eu digo, inclusive, Vereador, sobretudo valores dos trabalhadores. V. Exª não está muito preocupado com trabalhador. Acho que é bom, positiva a preservação do verde, nós também lutamos. Mas o nosso Partido é um Partido que tem história na defesa dos trabalhadores, não vou nem entrar nessa discussão. Agora, quero dizer o seguinte, esse projeto revela inegavelmente o fato de que finalmente prevaleceu, pelo menos neste aspecto aqui, o reconhecimento de que o Projeto Praia do Guaíba é um fato inarredável na Cidade de Porto Alegre. É um fato inarredável.

Há alguma tempo eu estava aqui na Câmara, era suplente, assistia ao Ver. Caio Lustosa votar contra o empréstimo da Petrobrás para a construção da Avenida Beira-Rio, a Av. Edvaldo Pereira Paiva. Ele era contra e votou contra aqui, como o Ver. Antonio Hohlfeldt também votou contra. Votaram contra, e a abertura da Beira-Rio era realmente um entrave no Projeto Praia do Guaíba, mas já estava previsto o seu traçado, a sua construção, lá no Plano Diretor. Mas, sabia-se que a Avenida Beira-Rio ia ser o reencontro da Cidade de Porto Alegre com o seu rio. Isso a Frente Popular não pode aceitar e não tem aceito. Mas, agora, passou a agir com mais realismo, na medida em que sentiu que ia botar o Município de Porto Alegre em mais uma “fria” jurídica das muitas cujas ações nós estamos sofrendo. É só fazer um levantamento na Vara do Feitos na Fazenda Pública e vão-se constatar inúmeras ações contra o Município de Porto Alegre por atos ilegais, flagrantemente ilegais, praticados pelo Partido dos Trabalhadores. Isso vai custar e quem vai pagar é o povo de Porto Alegre. A Cidade de Porto Alegre é que vai acabar pagando isso aí. Um dia vai acabar pagando, como um dia nós teremos que, infelizmente, pagar vultosas indenizações por esses fatos que estão ocorrendo aí na área do transporte coletivo. Isso aí vai custar caro. Daqui a 5 anos, daqui 10 anos, porque essas ações, quem é advogado sabe, são morosas. Mas um dia a Cidade vai pagar, não os governantes, porque os governantes passam, mas a Cidade fica. E sobre isso correm juros e correção monetária e, infelizmente, a Cidade de Porto Alegre, o povo de Porto Alegre terá de pagar por atos flagrantemente ilegais praticados por seus representantes legais, porque o Prefeito, na sua ação político-administrativa, é o representante legal da Cidade E quando ele pratica atos ilegais, evidentemente permite que haja ações de ressarcimento, que vão explodir, não agora, politicamente. E é aquele raciocínio de fazer a ação política se esquecendo das conseqüências patrimoniais que vão correr contra a Cidade de Porto Alegre.

Felizmente, com relação a esse Projeto prevaleceu o bom senso, na medida em que se constatou que o Projeto Praia do Guaíba era irreversível e que a concessão tinha passado pela Câmara e que só uma alternativa de negociações poderia resolver o impasse. E por essa razão, Ver. Giovani Gregol, é que hoje a Câmara de Vereadores, tranqüilamente, está aceitando este Projeto de Lei. Porque para esta Câmara de Vereadores de Porto Alegre, tenho certeza, o projeto Praia do Guaíba, nas suas grandes linhas é intocável. Isso se revela de forma clara, cristalina, na medida em que houve apenas uma mudança de área em que será colocado o centro cultural. Até porque a reação da opinião pública contra uma medida dessa natureza fez com que houvesse um recuo político e um recuo jurídico, fez com que o realismo do PT, da Administração Popular fosse negociar com os senhores empresários da ADVB.

Isso é muito bom, é muito salutar. E nós, desta tribuna, saudamos essa iniciativa. A nossa Bancada vai votar favoravelmente a esse projeto de lei de origem do poder público municipal, porque prevalece neste o bom senso.

 

O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª tem toda a razão, do ponto de vista da negociação, que é salutar. É sempre salutar. O que não é salutar é abrir mão de princípios assumidos há muito tempo, isso nunca faremos. V. Exª falou que a Av. Beira-Rio não era uma ponta de lança do Projeto Praia do Guaíba, uma vez que foi votado até num projeto separado, anterior à votação do Projeto, estava prevista há muito tempo, neste particular, é verdade, estava prevista há muito tempo...

 

O SR. ISAAC AINHORN: E V. Exª era contra? Era a favor ou contra a Av. Beira-Rio?

 

O Sr. Giovani Gregol: Era contra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: O Líder da Bancada do Partido Verde, o nosso ciclista Gert Schinke, só faltou ter dito: olha nós somos contra.

Felizmente, fica aqui, nos Anais da Casa, o Ver. Giovani Gregol e o Ver. Gert Schinke era contra.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, o tempo de V. Exª está esgotado.

O Ver. Jaques Machado faz transposição do seu tempo a V. Exª, mas para isso é necessária a autorização dos demais Vereadores. Mas, o Ver. João Dib não faz transposição de tempo, então, lamentavelmente, V. Exª vai ter que desistir do tempo.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu quero lamentar essa situação que está-se tornando uma prática de alguns Edis desta Casa, que não sei por que, estão-se caracterizando em uma aliança PT-Pedessista.

Eu encerro, lamentando a falta de convívio democrático do meu querido amigo João Dib, que me impede de continuar nesta tribuna, dando os apartes e estabelecendo o debate necessário com o Ver. Gregol e o Ver. Vieira da Cunha. Encerro, deixando clara a minha posição: o Projeto Praia do Guaíba é inarredável dentro da Cidade de Porto Alegre já aceito pelo Partido governista. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GERT SCHINKE (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Questão de Ordem é no sentido de que não posso admitir que o Ver. Isaac Ainhorn, da tribuna, diga que eu sou Vereador do PV, eu sou Vereador do PT, que fique claro.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu devo falar porque preciso dar as razões e fundamentos, posto que devo votar contra, para manter a coerência com o voto que dei no Projeto original. O Projeto Praia do Guaíba, que é um excelente Projeto, tivemos a oportunidade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, invariavelmente de fazer a sua defesa. Nós achamos que esta gleba ribeirinha foi produzida pela mão do homem. Não precisa lembrar à memória da Casa que esta área se constitui de um aterro que foi feito aqui, na orla do nosso judiado Rio Guaíba. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por que votei contra, por que discuti esse aspecto contrário? Não envolve a questão ecológica, porque acho ser sempre uma questão relevante defendermos a ecologia, defendermos o nosso meio ambiente ameaçado e agredido pelo homem. Não, a questão que se colocava, a meu juízo e entendimento, e que fundamentava as razões contrárias, é por que se dar à ADVB? Por que dar-se essa área a ADVB? Nada contra a ADVB. Por que haveria de se dar a ela e não se dar a outras instituições? Aí se colocava a nossa objeção em votar favorável. Aqui da tribuna, falava o Ver. Isaac no capitalismo. Aqui não se trata de capitalismo. Aqui se trata de favoritismo. E o Governador Brizola – e aqui trago o seu nome, porque me vem à memória – tem dito que não somos um regime capitalista. E, nessas horas, se constata que não somos um regime capitalista, porque o normal, no regime capitalista, seria vender essa área, apurar recursos aos cofres municipais, sempre a braços, com inúmeras dificuldades. Então, sem trazer uma objeção ao que desenvolve a ADVB, como órgão representante dos Dirigentes de Vendas, sem nenhuma objeção ao seu trabalho, a sua representação, a sua atividade, mas a questão é natural, é elementar: por que se fazer a doação à ADVB? Vamos dizer que ela, efetivamente, vai abrir um espaço à comunidade. Isso é verdade. Ali construirá áreas que se prestarão a atender diversos segmentos de nossa Cidade. Mas eu não encontrei, e continuo não encontrando, uma razão forte para se fazer a doação, sem exemplificativamente, um processo de cotejo com as demais instituições, para, numa decisão, se dizer: bem, diante de tantas instituições aqui colocadas, vamos priorizar esta ou aquela. Uma discussão nesses termos seria necessária. Por isso a minha objeção. Por que darmos à ADVB, por que não doarmos a outra ordem, a outra instituição? Esta é a razão em que eu fundamentei a minha contrariedade.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu creio que, talvez, eu possa explicar isso a V. Exª e demovê-lo desse voto negativo, quem sabe. O Projeto Praia do Guaíba, na sua justificativa, falava na Escola Superior de Marketing, que deveria ser desenvolvida pela ADVB. E o Sr. Prefeito Municipal, à época, Alceu Collares, fez essa análise e definiu que aquela área deveria, então, ser cedida à ADVB. Naquela época também se discutia o teatro municipal, ao qual seria doada uma segunda área, e o Prefeito Collares, nas suas negociações, escolheu uma entidade que fizesse estudos, cursos, e também o aspecto cultural, com teatro, cinema. E a ADVB comprometeu-se. Porém por um erro do projeto, veio na justificativa e não veio no Projeto e, como eu estava lá, incidentalmente, no meio da discussão, o Prefeito disse quem sabe um Vereador apresenta um Emenda e, como eu estava ali e a emenda foi redigida naquela reunião, apresentei a emenda, mas dentro daquela contexto, de se fazer um teatro. E essa entidade se propunha a fazer sem que a Prefeitura gastasse nada, de acordo com os levantamentos feitos pelo Prefeito Collares, não por mim. Então, por isso que entrou a ADVB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto Praia do Guaíba, que é um excelente Projeto, porque ele recupera uma área que estava em processo de deteriorização, e quem conhece as margens do rio sabe que ele impossibilitava que o homem, que as pessoas, que a Cidade, que a sua população atingisse, usufruísse o rio e a suas margens e a Avenida veio tirar a barreira que existia e que impedia que a população se integrasse ao rio. Diversas vezes, diferentes oradores reiteraram que o rio foi escondido da população, e a população passou a dar as costas ao seu rio, o que, do ponto de vista do rio, é altamente negativo, porque se tivermos o rio no nosso cotidiano, um dia, Ver. Gregol, nós haveremos de curá-lo, tendo ele no nosso dia-a-dia. Porque a verdade, hoje, em Porto Alegre, não cabe nem discutir as razões, é que o rio foi escondido, há aquela verdadeira barreira, a cortina, contra as cheias. Logo na frente, toda uma área inacessível e muitas pessoas tentaram chegar à beira do rio e foram assassinadas. Um lugar deserto, um lugar perigoso.

Então este aproveitamento da praia, da margem, exatamente dá o conteúdo que compatibilizava os interesses ecológicos com os interesses também do usufruto que tem que ter o povo dos seus bens, principalmente os bens da natureza.

Então, o meu voto não altera, mas eu precisava vir à tribuna dar as razões por que entendi de votar contra, posto que o PT – não a Bancada que está aqui – tinha uma posição e agora convalida a matéria. O PT tinha uma posição muito forte, contra, não só ao Projeto Praia do Guaíba mas de resto, especificamente, contra essa doação. Tinha e agora convalida.

Mas fica aqui a nossa manifestação para dizer que vamos manter o voto que demos no Projeto original, votando contra. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Próximo orador inscrito é o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu confesso que não pretendia falar porque acho que o assunto apenas merecia receber a nossa votação e estaria tudo resolvido. Mas como todos se inscrevem, eu também achei que deveria fazer o mesmo. E serei muito breve. Eu tenho dito aqui – e um dia o eminente Ver. Flávio Koutzii até tentou contestar – que a melhor política é a boa administração. E é verdade, Sr. Presidente, que agora me dirijo a V. Exª. Se o tempo de inscrição dos Vereadores fosse distribuído e administrado bem, V. Exª continuaria na tribuna sem que houvesse necessidade de transposição de tempo. Bastava que o Ver. Elói Guimarães, que estava inscrito após V. Exª, lhe cedesse o tempo e o Ver. Jaques Machado, depois, cederia tempo ao Ver. Elói Guimarães e a administração dos tempos se mostra que seria eficiente e muito boa. O que eu quero dizer é que esta Casa, neste momento, está prestando um serviço à Cidade. A administração da Cidade está de parabéns, o Legislativo da Cidade está de parabéns, porque a troca de áreas foi excelente para a Cidade. O que não podemos esquecer é que a ADVB também é Porto Alegre, não podemos esquecer que todas as entidades que aqui estão servindo de uma forma ou de outra são Porto Alegre. E na troca de áreas – e o Ver. Cyro Martini se estivesse presente no Plenário diria igual a mim – a circulação melhorou uma enormidade, e se melhorou a circulação, melhorou o entendimento da Cidade. Portanto, a Administração Popular está hoje administrando bem, porque fez esta permuta inteligente, espero que tenha sido considerada a circulação, além da parte do parque que os defensores intransigentes da ecologia fazem.

Portanto, todos estão de parabéns e é por isso que eu não pretendia falar, mas já que todos estão falando eu também devo trazer a minha palavra de técnico dizendo que a administração andou muito bem, a Cidade está de parabéns, o Legislativo está de parabéns, porque a solução é melhor para todos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, serei exatamente breve. A maior parte do que eu deveria dizer, devo dizer, já o disse num aparte ao Ver. Elói Guimarães. No decorrer daquele processo que terminou na aprovação do denominado Projeto Praia do Guaíba foi feita uma série de reuniões, de considerações e, efetivamente, num determinado momento, se definiu que deveria haver uma entidade que, sem usar os recursos públicos, colocasse cinemas, teatros, museus, escolas, enfim, inclusive complementando, Ver. Elói Guimarães, o que se imaginava que fosse um centro de preparação de mão-de-obra aqui no Gasômetro, que as pessoas daquele centro de preparação de mão-de-obra fossem promovidos para cursos profissionalizantes, sendo que no contrato assinado pela ADVB e o Município, 5% das vagas são cedidas ao Município, o Município tem 5% das vagas para colocar lá quem bem entender para tirar o curso de telefonista, enfim, uma série de coisas. Então foi isso, quem fez essa escola foram os autores do projeto, eu simplesmente estava presente num determinado momento e apresentei aqui uma Emenda que foi discutida com os autores do Projeto. Então, por isso, a ADVB; por isso não as outras entidades que não conseguem captar como estão captando, V. Exª deve estar acompanhando nos jornais, recursos que, se não forem aplicados em cultura pela lei Sarney, entrarão na vala comum do tesouro nacional e irão não sei para onde. Com isso também se afastou a possibilidade de um teatro municipal aqui, eu não sou contra o teatro municipal, mas aquele teatro municipal que o Vereador Brochado chamava até de o túmulo do Faraó. Então se juntou uma série de coisas. E também vamos deixar bem claro que a alteração do Projeto, que não está em debate hoje, o Projeto Praia do Guaíba também nesse processo se eliminou o Shopping, se eliminou uma série de obras, se baixaram os gabaritos, tendo em vista que a concentração era muito grande, e isso foi feito em comum acordo com a Câmara de Vereadores e o Executivo. O Executivo que, neste Projeto, agiu muito bem. O Secretário do Planejamento veio aqui, e eu sei que esteve visitando diversos Vereadores, explicando os motivos, foi o primeiro Secretário que veio aqui procurar os Vereadores, individualmente, explicando suas motivações. Creio que com isso se colocou bem a questão. Também me parece que não seja adequado dizer que a Prefeitura está abrindo mão de recursos que podia conseguir com a venda daqueles terrenos. Porque me parece que o Governo, chamado Governo Popular, não vai vender nenhum terreno. Então, se ele não vai vender nenhum terreno, não se está subtraindo recurso nenhum. Eu, por sinal, Ver. Elói Guimarães, tenho um Projeto que disciplina a cedência de áreas do Município. Esse Projeto já foi arquivado uma meia dúzia de vezes, vai e volta; eu desarquivo; desarquivei de novo agora. Porque acho que todo o sistema de cedência de terrenos do Município, acho que está errado. E não é de agora. Esse Projeto meu, no mínimo, tem 4 ou 5 anos, e desarquivei novamente para que nós possamos discuti-lo e, quem sabe, aprová-lo com alterações, porque, efetivamente, eu creio que o sistema de cessão, de vendas e de permutas é paternalista, e acho que está errado. Mas nós estamos dentro desse sistema neste momento e entre algumas doações que foram feitas, entre algumas concessões que foram feitas, seguramente o Centro Cultural, que não vai custar nada para a Prefeitura, que tem teatro, cinema, museu, pinacoteca, cursos de formação, cursos profissionalizantes, é muito melhor do que alguns que se transformaram em clube de lazer e em campo de futebol. Então, tranqüilamente votarei a favor e peço ao Ver. Elói Guimarães, sempre aberto às coisas úteis para esta Cidade, que reconsidere e vote favoravelmente ao Projeto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer que a Bancada, quando se posicionou a respeito do Parecer exposto aqui pelo Ver. Vieira da Cunha, o fez, sim, com restrições, justamente por entender que o Parecer trabalhava num Projeto diverso daquele que estava em análise, chamando ao debate uma matéria que a própria Bancada do Partido a que pertence o Vereador-Relator disse aqui, desta tribuna, que não tem nada a ver com a outra. Tem a ver por estar em mesma situação; tem a ver porque é um processo de urbanização; tem a ver em função de que em algum momento inclusive a avenida tem relação com a urbanização que se decidiu, no Projeto Praia do Guaíba, ser de edificações e não de urbanização, paisagístico, como era o princípio original do Projeto que defende-se para aquela área e que devesse vir da Prefeitura e, que, principalmente, atendesse ao Plano Diretor do qual se tem notícia que tratava a região como área de urbanização. Ainda sobre essa questão, cabe dizer que foi uma área desafetada e por isso ela pode ter um tratamento mais do que urbanístico, um tratamento por edificações, previsto, em processo diferenciação do Projeto Praia do Guaíba, como um centro cultural. Para marcar bem a divergência que há entre a administração atual e a anterior, em relação ao conceito de administrar aquela parte da área de Porto Alegre, cabe mencionar que a área se constitui em um terreno recuperado do rio pela mão humana, mas, ainda assim, é uma área à beira-rio e, não querendo ser poeta e nem mais ecologista do que os colegas que me antecederam, é de supor que se possa andar na orla de forma a se perceber que o rio tem alguma coisa a ver com a Cidade, mas andar na orla desimpedida de obstáculos físicos criados, uma vez que em alguns locais andar à margem do rio é impossível por acidentes naturais. Quero citar aqui uma informação que foi posta e não foi discutida, mas tem relação com esse tema, não foi discutida nas vezes anteriores em que foi colocada, de que a Secretaria de Indústria e Comércio estava trabalhando contra empresários e pequenos empresários do comércio que estavam trabalhando à orla do Guaíba. Se de fato estavam lá, estavam mal localizados, pois estavam até impedindo que o rio fosse compreendido como uma parte da Cidade à disposição do cidadão. Se a orla, nesta perspectiva que estamos desenvolvendo, é um bem público e comum, é óbvio que o projeto quando altera a localização de construção permitida pelo centro de convenções e pelo projeto que o estabelece e que foi aprovado nesta Casa, é óbvio que ela trabalha na perspectiva de aproximação do rio com a comunidade e na perspectiva de que a comunidade possa chegar a ele sem obstáculos. Além de bem administrar, trabalha pelo futuro, até com a hipótese de que este rio, um dia, ainda volte a ser balneável que é, no meu entender e por conhecer os estudos  a respeito, o seu maior problema, não é potabilidade.

Em terceiro lugar, gostaríamos de frisar, aqui, que o Partido dos Trabalhadores não leu somente a “Doença Infantil do Comunismo”, além de ter lido  e ter entendido e, portanto, estar postado à esquerda do processo da revolução brasileira, e portanto, estar na defesa permanente dos interesses históricos dos trabalhadores, o Partido dos Trabalhadores leu a “Doença Infantil do Comunismo”, seus militantes sabem disso, e leu autores posteriores, inclusive autores burgueses que vivem citando que, em alguns momentos – equivocadamente, no nosso entender – em alguns momentos da idade do homem ele é aquele que ateia a fogueira e em alguns momentos ele é como o Ver. Isaac Ainhorn, que apaga o fogo. Ver. Isaac Ainhorn que, neste momento, exerce a Presidência dos trabalhos. O Ver. Isaac Ainhorn, nosso nobre colega, leu os clássicos marxistas e não entendeu ou os rejeitou. Leu rápido? Eu não acredito, leu. Entendeu e os rejeitou e assume uma postura de defesa dos trabalhadores em contradição com aqueles que constituíram a sociedade dos trabalhadores organizada e orientada no ponto de vista de uma visão de emancipação – não só do trabalho, nas emancipações do trabalhador para bem organizar a sociedade e o trabalho mas também do tempo livre e o de lazer com relação com o futuro, com relação com os acidentes naturais, com relação com os rios, com a cultura e com administração das cidades.

Então era este o registro que gostaríamos de ter feito e o fazemos, na medida em que não é o Ver. Isaac Ainhorn que vai ensinar ao Partido dos Trabalhadores qual é o melhor programa da revolução no País. Nós gostaríamos de debater num outro lugar, com o Vereador que esteve aqui nesta tribuna, o Ver. Isaac Ainhorn e que, neste momento, ocupa a Presidência dos trabalhos, como 1º Vice-Presidente que me merece, e com todo o respeito que me merece, e com todo o respeito que me merecem os demais pares.

Era o registro que gostaríamos de ter feito, sendo a favor deste Projeto por ser um Projeto de bem administrar os conflitos de uma Cidade que ainda não tem a perspectiva de ser dos trabalhadores. Ela é do conjunto da Administração que fazemos aqui, em conjunto e por negociação. Não é o poder dos trabalhadores, tenho certeza, não fazemos a confusão, como algum poderá ter feito desta tribuna. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito, o Ver. Airto Ferronato, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. João Dib assomou a esta tribuna, dizendo que usaria a palavra, até porque todos estavam-se inscrevendo e ele também se inscreveria. Ao contrário dessa posição, me inscrevi imediatamente, após ouvir o posicionamento dos Vereadores Gert Schinke e Giovani Gregol.

O Projeto de autoria do Sr. Prefeito diz o seguinte: “Que se altera disposição da Lei Complementar nº 182/88”, ou seja, a concessão de uso para a construção de um Centro Cultural da Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil, prevista na Lei Complementar 182/88, na área 12, transferida para parte do lote PPG1.2.”

Entendo eu, e acredito que é clara essa posição, ou nós aprovamos o presente Projeto ou continua em vigência a Lei Complementar nº 182/88. E me parece claro e evidente, sem se analisar o mérito da Lei nº 182/88, que à Administração Popular não cabe outra alternativa senão cumprir o que está determinado em Lei. Senão estaria havendo aí um grave desrespeito a esta Casa.

Tenho consciência, portanto, de que votar, sim, além de votarmos conscientemente, porque, como bem disse o Ver. João Dib, é correta a transferência dessa área, nós estamos, além disso, além de votarmos com nossa consciência, contribuindo com a Administração do Governo da Frente Popular. Por isso que assumi esta tribuna quando ouvi as críticas proferidas pelos Vereadores do PT, Gert Schinke, especificamente, e Giovani Gregol. Quando assumi, como Vereador, dizia e continuo dizendo que apoiarei sempre as ações da Frente Popular quando entender que contribuem com a Cidade de Porto Alegre e com sua população, porque particularmente entendo e fico torcendo pelo êxito da Frente Popular, eis que o êxito da Frente Popular vai implicar benefícios para a Cidade de Porto Alegre. Por outro lado, o fracasso do Governo da Frente Popular vai trazer prejuízos à Administração.

E, neste momento, permitam-me que leia as Exposições de Motivos do Sr. Prefeito, que diz: “A ADVB mostrou-se sensível às ponderações de entidades representativas da comunidade”. Portanto entendo eu que houve ponderações destas entidades, uma série de entidades ouvidas, inclusive, pelo Governo da Frente Popular. “Bem como os estudos efetuados pelo Grupo de Trabalho da Administração Municipal que analisou o projeto Praia do Guaíba quanto aos inconvenientes em localizar o Centro Cultural na orla, entre o Dique e o Rio. O Município por sua vez reconhece o valor do empreendimento, devendo apresentar benefícios extensivos à população em geral”.

Diante desses fatos entendemos que é pacificamente tranqüila a votação na tarde de hoje. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Heriberto Back. Ausente. Ver. João Motta. Ausente.

Encerradas as discussões sobre o Projeto. Em votação o PLCE nº 001/89 - Proc. nº 1120/89.

Solicito que o Sr. 1º Secretário proceda à verificação de “quorum” para a votação.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Há “quorum”, Sr. Presidente: 27 Srs. Vereadores presentes.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, como é um Processo que necessita maioria absoluta, sugiro que seja enunciado o número de votos favoráveis.

 

O SR. PRESIDENTE: Vinte e seis votos favoráveis e um contra, do Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento subscrito pelo Ver. João Motta, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 1, Proc. nº 1120/89, seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-o aprovado nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, peço destaque ao Voto de Congratulações de autoria do Ver. Wilton Araújo com o Sr. Flávio Alcaraz Gomes.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu creio que esse voto dado ao ex-Prefeito Alceu Collares já foi votado por esta Casa. Gostaria que V. Exª, para evitar que se votasse duas vezes o mesmo voto, examinasse esta questão.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos verificar, mas ele foi corretamente protocolado. Para encaminhar o destaque do Voto de Congratulações com Flávio Alcaraz Gomes, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, também por ter o entendimento que tem o Ver. Artur Zanella de que já foi posto em votação, mas em conjunto, o Voto de Congratulações, não só a Flávio Alcaraz Gomes, como também aos demais que mereceram a honraria do Jornal do Comércio e por entender que, naquela oportunidade, por ser impossível destacar do conjunto da Moção um dos nomes, porque inviabilizaria a moção e, neste momento, como foi proposto, estar sendo possível destacar, porque vem destacado pelo próprio proponente, é que, ainda que seja razoável a este Plenário e à Mesa indicar que esta Câmara se congratule com o prêmio, que é do “Jornal do Comércio”, um direito conceder o prêmio pela sua avaliação, nesta proposição individual, que não vai em bloco com os demais agraciados em, portanto, permite o destaque, este Vereador, em nome pessoal e até por ser também jornalista, decide propor o destaque, para ter a oportunidade de votar contra, por seus motivos pessoais e também políticos, que informam sempre minha conduta. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao Ver. João Dib, pergunto ao Ver. Zanella, enquanto a Assessoria Legislativa providencia, se foi, por acaso, V. Exª quem encaminhou?

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Já que V. Exª pergunta, esses votos foram apresentados por mim, e todos foram lidos.

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar o Voto de Congratulações ao Jornalista Flávio Alcaraz Gomes, Ver. João Dib.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, com todo o respeito ao Ver. Dib, que já se encaminha para a tribuna, digo que está correta a Questão de Ordem levantada pelo Ver. Zanella, e me parece que não cabe sequer a discussão, ou encaminhamento sobre a matéria já que esta está prejudicada.

 

O SR. PRESIDENTE: A Presidência, já que não conversei com os outros companheiros da Mesa, resolveu por bem deixar o Ver. Dib encaminhar, já que ele mesmo solicitou o encaminhamento quando o Ver. Adroaldo Correa fazia o seu encaminhamento. Por isso entendemos assim, e em respeito ao Vereador, e se tiver outro Vereador que solicite o encaminhamento, mesmo que já tenha sido aprovado pela Casa, nós aceitaremos. Vamos conceder o tempo ao Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Creio que está havendo uma pequena confusão. Acho que o jornalista Flávio Alcaraz Gomes, Prefeito Alceu de Deus Collares e algumas outras personalidades foram homenageadas duas vezes este ano, pelo Jornal do Comércio, e um outro prêmio, o “Top de Marketing”, e acho que aí é que está havendo a confusão. Mas de qualquer forma, é homenageado o jornalista que tem uma excelente folha de serviços prestados, é um homem discutido, controvertido, para alguns, seus próprios colegas, como aqui colocou o Ver. Adroaldo que com a tranqüilidade e dignidade que o fez, fica até muito bonito, colocou sua posição contrária, não especificou o porquê, mas, evidentemente, o Adroaldo Corrêa tem razões pessoais para fazer o que fez, e isso é bonito. Assim como ele tem razão, eu tenho outras para dizer que me congratulo, em nome da minha Bancada, com a homenagem – e com o Ver. Omar Ferri, do PSB, nós achamos que Flávio Alcaraz Gomes tem excelentes serviços prestados à coletividade gaúcha, à imprensa em especial e merece a homenagem que lhe é proposta neste momento, homenagem que por certo ele não pediu.

Então, leva o nosso apoio, recebe o nosso apreço e o nosso carinho, porque, digo e repito, ele tem prestado excelentes serviços à comunidade e o microfone da rádio Gaúcha, onde hoje está trabalhando, mas também ontem quando trabalhava na rádio Gaúcha, esteve sempre à disposição de quem desejasse usá-lo para prestar os esclarecimentos que a população precisa receber. E um homem que faz imprensa desta maneira, já que entendo que imprensa é a pesquisa da verdade e ele tem proporcionado tempo e espaço para que entidades, políticos, jornalistas, para que todos os níveis da sociedade possam se manifestar ele merece o nosso respeito e o nosso apreço. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não vou colocar em votação porque já foi votado.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Para discordar do encaminhamento que a Mesa acabou de dar porque não foi votado. Eu pedi destaque para a votação, foi votado o conjunto.

 

O SR. PRESIDENTE: Votada a matéria anterior, se naquela oportunidade não houve a oportunidade de solicitar destaque, nós, erradamente, concedemos neste momento, mas não colocamos em votação novamente.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: O fato da matéria ainda estar sub judice da informação implicava poder destacá-la e debatê-la, não pode ser votada, mas a oportunidade em que foi apresentada anteriormente é porque estava em bloco o conjunto de nomes numa moção apenas e, aí, está individualizada.

 

(Nota: Não foi votado o Voto de Congratulações, em razão da Questão de Ordem levantada pelo Ver. Artur Zanella.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri, em Comunicação de Líder.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dispõe o § 2º do art. 408 do Código de Processo Penal, textualmente: “Se o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o Juiz deixar de decretar-lha a prisão e revogá-la, caso já se encontre preso”.

Estou citando esse artigo a propósito de uma crônica estampada na página dois da Zero Hora de hoje e assinada pelo historiador, Procurador da Justiça, aposentado, do Estado do Rio Grande do Sul, Jornalista, Escritor, Sérgio da Costa Franco. E me permito ler dois trechos da coluna do Dr. Sérgio, que se denomina “Flagrante”. Diz o Dr. Sérgio: “E como as sentenças penais condenatórias, irrecorríveis, só ‘pintam’ quatro ou cinco anos depois do fato, a sociedade tem que se submeter ao vexame e ao incômodo de conviver com sangüinários, com estupradores e com notórios ladrões dos cofres públicos.”

E lá no fim continua o artigo: “Com o perdão dos doutos juristas da moda, o homem comum não entende tais filigranas.” No caso, o artigo versa sobre o fato de um cidadão ter sido preso por um crime selvagem, hediondo e violento e no mesmo dia ter sido solto. Ter sido preso, esclareça-se, em flagrante. O flagrante erradica qualquer possibilidade de negativa de autoria ou de materialidade do fato considerado criminoso.

Então, “o homem comum não entende tais filigranas” e quem se animará hoje a correr atrás de um criminoso para prendê-lo logo após o crime, se de imediato um juiz o devolverá a liberdade?” Isso vem a propósito dessa situação de insegurança e intranqüilidade que vive o Estado e a Nação em matéria de Paz e Segurança Pública. Mas a gente tem que esclarecer a um ouvinte seleto como é o ouvinte da Câmara de Porto Alegre o porquê essas coisas aconteceram no Brasil. Isso tudo nasce e é fruto da Ditadura Militar, essa tal de lei que permite que se livre um criminoso desde que ele tenha emprego, residência e bons antecedentes, teve origem por causa da prisão do cantor Wilson Simonal. Impropriamente a literatura jurídica denomina essa lei como a lei Fleury. É que este cidadão seqüestrou um empregado dele com a conivência de policiais do Departamento de Ordem Política e Social do Estado do Rio submetendo-o a constrangimento ilegal, torturando e obrigando a assinar não só o recibo de demissão, como também uma quitação plena e geral do tempo em que ele mantinha vínculo empregatício com o citado cantor. Elaborado o processo, Wilson Simonal foi condenado e preso. Mas a Câmara Federal em três dias aprovou essa lei que permitiu libertá-lo. Logo depois foi preso o Delegado Fleury, que usou essa Lei para ser solto também, para ficar em liberdade. Sr. Presidente, já que se fala tanto em pena de morte para bandidos que infestam o País, deixo claro que não quero entrar no mérito do que aconteceu em Porto Alegre, em que um empregado foi assassinado por um Coronel e um capitão. Pretendo apenas uma indagação, sem manifestar-me sobre o mérito dos acontecimentos. Será, Sr. Presidente, que o relaxamento da prisão não ocorreu apenas porque um era coronel e outro era capitão? Permanecendo dessa forma a impunidade existente no País, principalmente a impunidade do colarinho branco? Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O primeiro orador inscrito é o Ver. João Dib, que transpõe seu tempo com o Ver. João Motta, e este cede seu tempo ao Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, os partidos políticos, eles se diferenciam pela suas idéias, mas fundamentalmente se diferenciam também nas questões concretas, principalmente quando são governo. E nós tivemos aqui um governo do PDT e estamos tendo agora um governo coordenado pelo PT. E mais que isso, tivemos oportunidade de ouvir recentemente os dois líderes nacionais desses dois Partidos: um num programa nacional de televisão e outro num programa local. Os dois se referiram a respeito da questão educacional no nosso País. Brizola na rede nacional, do PDT, de televisão, defendeu os CIEPs, defendeu os CIEMs, e mais do que defender, mostrou imagens de sua obra no Rio de Janeiro, e aqui todos nós conhecemos a obra de Collares em Porto Alegre. E o candidato do PT, Sr. Luiz Ignácio – Deputado Luiz Ignácio Lula da Silva, aqui em Porto Alegre, teve oportunidade de se manifestar sobre os CIEPs. E foram dele as seguintes expressões: Dizia Lula que a criança não pode ficar numa prisão o dia inteiro – palavras dele. Segunda afirmação: que o sistema de internato está superado. Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aí está uma diferença entre a proposta do PDT, que não é a de internato, muito menos de uma prisão, que é de ensino de turno integral, que além de educação proporciona à criança alimentação, assistência médica, odontológica, lazer na própria escola, coisa que seus pais não lhe podem fornecer. Mas, também dentro da questão educacional, está aqui um professor que honra esta Casa, Ver. José Valdir, da Bancada Governista, e também na questão do magistério nós nos diferenciamos profundamente. Sabe o Ver. José Valdir que o governo Collares realizou concurso público para o magistério municipal; sabe, também, o Ver. João Verle, que até hoje os professores não puderam ser nomeados por problemas havidos na questão da prova de títulos, que teve que ser anulada. E até hoje está havendo um reexame dos títulos, já que havia, comprovadamente, flagrantes injustiças e erros na avaliação dos títulos dos professores que participaram do concurso. E a Administração Popular, muito acertadamente, resolveu, emergencialmente, contratar os professores e o critério da contratação foi muito justo e louvável. O critério da contratação dos professores, já que não podem ainda ser nomeados, Ver. Luiz Braz, por esse problema havido com a prova de títulos, foi a classificação obtida no concurso, evidentemente sem levar em conta a prova de títulos que ainda está exame. Mas o que é grave, Ver. Luiz Braz, e o Ver. João Verle já deve saber disso, e o Ver. Valdir Fraga, que sempre tem pautado a sua conduta em defesa dos interesses da educação no Município, por certo também já tem notícia disso, que esses professores estão sendo contratados e recebendo muito menos do que recebem seus colegas para exercer exatamente as mesmas funções. E eu pergunto no que se baseia o Governo do PT para fazer um pagamento menor a esses professores concursados, não nomeados, é verdade, mas já concursados e que estão sendo chamados para o magistério do Município; alguns já estão exercendo a função de magistério e recebendo quase a metade do que recebem seus colegas nomeados e concursados como eles. É injustificável, Ver. Luiz Braz, por isso digo que é nas questões concretas que os partidos se diferenciam. Essa é uma das conquistas mais históricas do trabalhador brasileiro, o direito à equiparação salarial, salário igual para quem desempenha tarefas iguais, pois aqui no Município o PT resolveu ter duas classes de professores, os professores que recebem um salário compatível com sua função e os sub-professores que não têm culpa de ter havido erro na prova de títulos. Se existe culpa, não é dos professores contratados, então eles não podem sofrer isso. Se foi na nossa administração, muito bem, ainda não conheço as razões da anulação, gostaria de conhecê-las, certamente deve ter havido erro da comissão julgadora.

 

O Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A informação que temos sobre essa questão é que 40 duplas formaram as mesas de avaliações de títulos e os critérios não foram homogêneos, o que provocou – como foi colocado muito corretamente por V. Exª - a diferenciação de critérios. É claro que fica um pouco pendente esse erro de não ter sido padronizado o método de avaliação e quantificação dos títulos.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Aceito a explicação de V. Exª e concordo que alguma coisa tenha acontecido, porque na época da divulgação dos resultados da prova de títulos foi um verdadeiro clamor coletivo dos que participaram do concurso, no sentido de que pessoas com títulos de pós-graduação, cursos feitos, inclusive, no exterior receberam nada mais nada menos do que zero na prova de títulos. Houve, realmente, erros flagrantes, agora isso não justifica, Ver. Flávio Koutzii, e peço a V. Exª que, na qualidade de Líder da Bancada do Governo nesta Casa, tome algumas medidas, o fato de que estão sendo contratadas algumas professoras com salário inferior ao que ganham suas colegas concursadas, mesmo porque essas professoras também são concursadas e só não foram nomeadas ainda por problemas administrativos que não lhes dizem respeito, para os quais elas não concorreram. Então não se vá penalizar o magistério, essas professoras que fizeram o concurso e que estão por serem nomeadas por receber um salário inferior a suas colegas que trabalham ao seu lado e que ganham muito mais.

Então fica aqui o registro, o protesto da Bancada do PDT contra essa discriminação que está havendo dentro do magistério do Município e a nossa exigência de que o Governo tome as devidas providências e repare esse que é um erro, é um erro administrativo e que deve ser logo e já reparado pelo Governo da Frente Popular.

Salário igual para trabalho igual é uma bandeira dos trabalhadores e deve ser respeitada, sobretudo por um Partido que se diz ser dos trabalhadores. Sou grato, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Pela ordem, o próximo orador é o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, três assuntos me trazem à tribuna nesse momento. Recebi da Associação dos Hospitais do Estado do Rio Grande do Sul um ofício comunicando das dificuldades que vem enfrentando, em razão das baixas diárias pagas pelo INAMPS para os atendimentos hospitalares. É incrível que uma diária hospitalar, com tudo que representa de atendimento para quem tem que se hospitalizar, seja ressarcida pelo INAMPS por 4 cruzados e 3 centavos. É uma diária de hotel, com serviço de enfermaria, serviço médico, um atendimento que precisa ser muito bom para que o paciente se restabeleça. Um parto que, sendo normal, leva três dias, o INAMPS ressarce em 27 cruzados novos e setenta e cinco centavos.

A Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul está preocupada com o fato, não há como dar continuidade no atendimento, a população há de se ressentir desta falta de atendimento e está, então, a Associação, ingressando em juízo para que o Judiciário decida sobre este momento que á quase de falência total dos hospitais gaúchos, então, obrigue o INAMPS a revisar os valores pagos aos hospitais.

Está pedindo, a Associação, o apoio desta Casa. A Bancada do PDS, que tem um médico, sabe bem o que é isso, está dando seu apoio e acredito que as demais Bancadas também o farão.

Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em 1972, Vereador desta Casa, eu fiz um Projeto de Lei que tomou o nome de Lei do Silêncio e para que este Projeto fosse aprovado pela quase unanimidade da Casa, eu consultei Estudos Brasileiros de Acústica e consultei outros municípios que tinham leis pretendendo controlar a intensidade do ruído e fiz uma Lei, à época, o Instituto Brasileiro de Acústica entendeu que era a mais completa no País. Isto fez com que, ao longo dos tempos, eu tenha sido solicitado, na minha casa, em razão do excesso de ruídos.

Na Administração Villela foram criadas as Leis de Impacto Ambiental, regulamentadas. Esta Câmara trabalhou bastante. A SMAM fez regulamentação das Leis e nós estamos sentindo hoje que o ruído inferniza a vida do cidadão porto-alegrense.

Eu tenho recebido muitos telefonemas, muitas solicitações, pedindo que eu faça algo. Então, eu estou preparando material. Quero o apoio desta Casa, evidentemente. Quero apoio da Secretaria do Meio Ambiente, doDETRAN e Rotary ou Lions. Um dos dois há de promover, conosco, uma campanha para que nós lembremos ao porto-alegrense que menos ruído igual mais saúde.

Isso nós voltaremos a falar reiteradas vezes para que se possam reduzir ruídos nesta Cidade. E nós já constatamos que com auxílio do Lions Club nós podemos fazer com que ruídos no trânsito diminuíssem.

Está completamente esquecido, não se tem visto mais a fiscalização da Secretaria Municipal de Transportes, do DETRAN, da Brigada Militar; os decibelímetros que foram doados ao Município pela APLUB, não sei onde estão. Não tiveram manutenção, eu até tinha um decibelímetro que comprei, emprestei-o a um médico e ele me informou que o decibelímetro foi roubado. Não me indenizou e eu não tenho mais decibelímetro. Mas na Cidade ainda há decibelímetros e nós podemos, juntos fazer com que os ruídos diminuam.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu disse que tinha três assuntos e o terceiro é a contribuição de melhorias.

Assumi a Prefeitura em 1983, preocupado com a regulamentação da Contribuição de Melhoria que está escrita na Carta Outorgada e que continua escrita na atual Constituição. E no dia 4 de outubro de 1983 eu mandava um Projeto de Lei regulamentando a contribuição de melhoria, que foi amplamente estudado pela Casa, tanto que houve emendas do Ver. Paulo Sant’Ana, um substitutivo do Ver. Clóvis Brum no dia 06 de dezembro de 1983, substitutivo do Ver. Antonio Holfeldt em 21 de dezembro de 1983, outro substitutivo do Ver. Clóvis Brum no dia 22 de dezembro de  1983. E no dia 27 de dezembro de 1983, convocada extraordinariamente a Casa, ela rejeitava o Projeto de Lei do Executivo que instituía a contribuição de melhoria, fato extremamente difícil de ser regulamentado, e que o Executivo, depois de anos de estudo, encontrara uma solução que não agradou à Casa. É democrático, é interessante o debate e nós pesquisamos todo o Projeto de Lei, todas as razões, todos os discursos dos Srs. Vereadores, e elaboramos, na base do que foi debatido, do que foi dito, novo projeto. Antes de encaminhar este Projeto, nós dissemos aos Srs. Vereadores que mandaríamos uma cópia daquilo que pretendíamos e que aguardaríamos 30 ou 60 dias que alguém informasse ao Executivo se estava bem o novo Projeto.

Levado às Lideranças da Casa e à Mesa não houve manifestações, passaram-se 30, 60 e mais dias, e no dia 03 de junho1983, voltamos com o Projeto reformulado. Este Projeto foi debatido, ficou parado bastante tempo e como era um Projeto que interessava à Cidade, e sempre achei que política é boa Administração, e interessava à Cidade e não ao Prefeito João Dib, não à Administração João Dib, o Projeto que entrou dia 03 de setembro de 1984, o Prefeito pedia que fosse votado na Convocação Extraordinária de dezembro de 1985. E de pedia que votássem em dezembro de 1985, porque os interesses da Cidade estavam acima dos interesses políticos ou pessoais de todos os Vereadores, do Prefeito que saía, e interessava ao Prefeito que assumia a Prefeitura, interessava à Cidade, interessava à Administração. Mas, lamentavelmente, não houve sensibilidade e o Projeto foi novamente rejeitado. E rejeitado inclusive pelo PDT, que tinha quase que a metade dos Vereadores da Casa, para tristeza deste Vereador, que queria ver solucionados problemas de pavimentação, para qual a Prefeitura não dispõe de recursos, mas que a Constituição define como se possa fazer.

Há inclusive, enquanto eu fui Secretário de Obras, que foi quando eu comecei a estudar o problema da pavimentação comunitária, da contribuição de melhoria, mais de 110 processos em que a população de 110 ruas, mais ou menos, fazia a manifestação de sua vontade, que era a de fazer a utilização da contribuição de melhoria. E esses processos não eram apenas simples abaixo-assinados, lá estavam os nomes dos proprietários, as testadas de cada prédio, na ordem crescente de numeração, mostrando que havia interesse da coletividade na solução de um problema que vem desafiando as administrações. Nós temos mais de 150km de ruas pavimentadas e não há recursos para isso; nós temos mais de 220km de estradas para serem pavimentadas, não há recursos para isso. A única solução para isso foi regulamentar a contribuição de melhoria.

E este assunto eu estou trazendo de novo à Casa, aqui está o Projeto de Lei que foi negado, e que por certo a sensibilidade dos componentes da Casa fará com que ele seja reexaminado, o Executivo também tem interesse, ao que sei. E é possível que somando esforços do Executivo e Legislativo, nós tenhamos solução para a regulamentação da contribuição de melhoria. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h13min.)

 

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